A cada semana, uma criança ou um adolescente é estuprado em Santa Maria

Em 2014, Ministério Público recebeu 51 denúncias de crimes sexuais contra menores na cidade. O mais grave envolve oito crianças estupradas pelo mesmo casal

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No dia em que o filho de 11 anos chegou em casa com um ferimento na perna dizendo que havia se cortado no jogo de futebol, a mãe, uma vendedora de 29 anos, nem desconfiou que o curativo que ela fez esconderia uma ferida provocada por uma arma de choque manipulada por um casal. 

O menino é uma das oito crianças que, de acordo com a denúncia do Ministério Público de Santa Maria, foram estupradas por um casal que procurava pelas famílias das vítimas se propondo a ensinar artes marciais. Os dois foram presos em 27 de agosto deste ano na casa onde moravam e indiciados por estupro de vulnerável e por oferecer bebidas e cigarro às crianças. Eles ameaçariam as vítimas caso contassem aos pais sobre os abusos. Por isso, o menino teria os ferimentos com arma de choque.
Perigo está dentro de casa
O caso foi um dos mais marcantes ocorridos neste ano em Santa Maria envolvendo pedofilia dado ao número de crianças que podem ter sido vítimas.
A terceira reportagem da série Filhos da Violência, mostra que, ao longo de 2014, 158 denúncias chegaram ao Ministério Público Estadual relatando violência contra crianças e adolescentes. Delas, 51 são casos de estupro, o que representa um terço do total de casos e uma média de  um caso por semana durante o ano em Santa Maria. O mais difícil de acreditar é que dos 51 casos, 29 teriam sido cometidos por pessoas da própria família.
Marca profunda
A investigação do casal de professores começou depois que o avô do menino de 11 anos, desconfiado do comportamento do casal, procurou a Polícia Federal.
_ Um dia, vi ele dando um selinho em um os meninos. Fui atrás e disse que não admitia que ele fizesse o mesmo com os meus _  diz a mãe, que afastou o filho do casal.
Hoje, o garoto voltou a brincar no pátio do prédio onde mora, passou de ano na escola e teve coragem de contar a uma psicóloga os abusos que teria sofrido. Segundo ele, a mulher costumava fazer strip-tease.
Mas, na rotina do menino, estão atividades que jamais deveriam fazer parte da infância: exames para garantir que não foi infectado pelo vírus HIV.
Fonte: Diário de Santa Maria