Apesar da queda dos preços, o clima é de otimismo na lavoura de soja

Abertura do plantio da soja ocorreu no sábado, na Expojuc

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Foi aberto no sábado, durante a Expojuc, em Júlio de Castilhos, o plantio oficial de soja no Rio Grande do Sul. Neste ano, a previsão da Emater e do 1º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de verão, divulgado na última quinta-feira, é que a área cultivada com o grão no Estado chegue a 5,2 milhões de hectares, com potencial de colheita de 14,56 milhões de toneladas, o que representa uma área 4% superior a 2013. As estimativas indicam que a colheita de verão deverá injetar R$ 21,82 bilhões na economia gaúcha. Na região, os destaques são para as áreas de Tupanciretã, Cruz Alta e Júlio de Castilhos, que estão entre os quatro maiores produtores do Estado.
Principal cultura gaúcha, a soja é vista com um otimismo moderado neste ano. Com preços das commodities em queda, por causa da boa produção na Argentina e nos Estados Unidos, e custos em alta, o volume de dinheiro no bolso do produtor pode encolher um pouco.
Depois de duas safras cheias combinadas com preços excelentes, deve vir um ciclo com um rendimento menor, aponta estudo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS). Longe de ser uma crise, mas impactará na postura dos agricultores, aponta Paulo Pires, presidente da entidade.
Mesmo com possibilidade de queda de preços, os produtores continuam apostando na soja. O agricultor Airton Barbieri, de Cruz Alta, que cultiva 80 hectares, acredita que o negócio é segurar os investimentos.
_ Com os anos anteriores, houve uma gordura e investimento em maquinário. Neste ano, vamos segurar os gastos para ter lucro _ justifica.
Se o preço já caiu 40% em relação a setembro de 2012 _ quando atingiu o pico na Bolsa de Chicago, de US$ 17,7 por bushel (27,2 quilos) _,  o clima e a tecnologia recompensarão.
Conforme a meteorologia, as condições climáticas trazidas pelo El Niño, com mais chuva, costuma favorecer as lavouras de verão.
_ A safra está sendo preparada com tecnologia para quebrar recordes de produtividade _ diz Jorge Rodrigues, presidente da comissão de grãos da Farsul.
Câmbio pode recompensar
Com foco na exportação, a variação cambial pode ajudar a amenizar a expectativa de queda no preço do grão. Por isso, as recentes valorizações do dólar, que chegou perto da casa dos R$ 2,50 nos últimos dias, vem em boa hora. Depois de anos de ascensão, os preços das commodities caíram.
_ O dólar mais alto acaba sendo um colchão para a queda das commodities _ avalia o consultor Carlos Cogo.

Custo de produção aumenta

O custo total de produção da soja na temporada 2014/2015 ficará em R$ 2.151,64 por hectare, conforme levantamento da Embrapa. O valor representa uma alta de 4,76% na comparação com o ano passado, quando o plantio ficou em  R$ 2.053,80 por hectare.
Insumos, operações agrícolas, assistência técnica, administração e seguro correspondem a 65,5% do total, atingindo R$ 1.409,35 por hectare. Dos insumos utilizados na produção da soja transgênica, o fertilizante representa 17,6%, semente 5,9% e herbicidas 5,2%.
Os custos dos fatores de produção, os quais englobam a remuneração da terra, do capital e do custeio, atingem R$ 595,82 por hectare e representam 27,7% do custo total.
As depreciações, que englobam benfeitorias, máquinas e equipamentos, atingem R$ 146,47 por hectare e representam 6,8% do custo total.
Desfavorável ao produtor
O embate bilionário entre produtores e Monsanto teve  round favorável à multinacional no fim de setembro. Julgamento do Tribunal de Justiça (TJ-RS) decidiu, por dois votos a um, que a empresa tem direito de cobrar pelo uso de soja transgênica. O valor é de 2% sobre a produção.
A decisão, que vale para todo o Brasil, significa que a Monsanto não terá de pagar ressarcimento estimado em pelo menos R$ 15 bilhões a agricultores pela utilização da semente geneticamente modificada. Também enfraquece a luta dos produtores de contestar outra cobrança _ de 7,5% _ sobre a segunda geração do grão geneticamente modificado, no mercado desde a última safra.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS) recorreu da decisão.

Fonte: Diário de Santa Maria