Chapéu Preto na intimidade

 
“Minha casa é redonda como tudo no mundo, até um pingo de água é redondo”
Por: Vera Soares Pedroso
DSCN0410
Já na chegada uma enorme escultura de madeira, representando o Mano Lima, recebe os visitantes. Logo ao entrarmos na casa temos um misto de estarmos em uma oficina ou um imenso atelier. Tal é a quantidade de materiais e obras de arte que existem no local. Assim é o ambiente em que vive o artista- escultor de madeira e modelador em concreto armado, Derli Vieira da Silva, o popular Chapéu Preto.
Homem simples, de alma generosa, mente criativa e brilhante, Chapéu Preto é um autoditada que diz que a arte é o “ar que ele respira”. Por todo o lado da casa tem algo singular e que chama atenção. O poço que puxa água, a casa de passarinhos, a caixa de cartas são feitios do artista.
Com muita calma conta que começou a fazer arte em madeira quando tinha 12 anos, depois que viu umas esculturas na antiga Revista Cruzeiro, famosa em 1962. – Me encantei com o que vi e dali em diante comecei a criar as minhas esculturas em madeira. Primeiro eram só carrancas, porque não me animava a fazer o corpo inteiro. Com o tempo fui me encorajando e fiz o Negro da Gaita em tamanho original que foi vendido ao alegretense, compositor Gilberto Carvalho.
A criação em concreto armado veio na marra, conta Chapéu Preto, pelo pedido de um ex-comandante do 6º RCB. Foi em 1992 que ergui um imenso cavalo pesando seis toneladas, foi um grande desafio, manter em pé só nas patas traseiras, todo aquele peso que esta na entrada da unidade militar em Alegrete.
DSCN0419
O valor, o reconhecimento
O uso do chapéu preto surrado, segundo ele, foi inspiração do brasileiro que criou o avião, Santos Dumont que sempre usava um chapéu. E por este adereço é que ficou conhecido em todo o lugar que anda e expõe suas obras.
E o Chapéu Preto de Alegrete, crioulo dos Passo dos Faracos, no Caverá, está entre os 144 melhores artistas primitivos do Brasil (autodidatas) em livro publicado pelo Ministério da Cultura.
Também foi o único do interior do RS a participar da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro a convite do governador do Estado, na época, Alceu Collares. O Artista participa, anualmente, da Expointer junto com artistas de todo o Brasil e da América Latina.
Chapéu Preto acorda cedo, às cinco da manhã, já pensando no que vai criar, mas diz que só começa a trabalhar bem mais tarde para não fazer barulho aos vizinhos, já que usa ferramentas,martelo etc.
Ele mostra com orgulho um livro de registro com assinaturas de todos os que visitam o seu atelier. Famosos como a família de Rui Ramos de Brasília, o compositor e cantor Pedro Ortaça, equipe da BBC de Londres; ex Ministro da Aeronáutica Mauro Gandra; visitantes do Uruguai; da Argentina; Brasil e de todo estado gaúcho.
E saindo do forno, já com a cabeça pronta, está à obra Pedro Pampa em homenagem ao padroeiro do Rio Grande – São Pedro. A escultura em concreto armado vai pesar segundo o artista seis toneladas, só o chapéu de Pedro Pampa pesa 110 quilos.
 
DSCN0415 DSCN0412 DSCN0413 DSCN0418 DSCN0408 DSCN0404 DSCN0401 DSCN0409 DSCN0395 DSCN0393 DSCN0392 DSCN0391 DSCN0390 DSCN0378 DSCN0389 DSCN0386 DSCN0380 DSCN0379