ERS-241 é considerada a pior rodovia da Região Central

Três rodovias estaduais estão em péssimas condições. Governo promete rever contratos de manutenção

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Está difícil transitar por alguns acessos a cidades da região até para quem se acostumou com tanta buraqueira. Nada fácil também para entender as anotações que fizemos durante dois dias de viagem por estradas estaduais onde, a cada metro, uma cratera era motivo de preocupação para os motoristas. Nos dias 13 e 16 deste mês, o “Diário” percorreu cinco rodovias. Dessas, três estão em condições muito ruins, e duas estão transitáveis. Se depender do governo do Estado, tão logo não haverá manutenção.

Uma das piores situações é entre São Vicente do Sul e São Francisco de Assis, na ERS-241. Até porque é a mais movimentada das rodovias visitadas pela reportagem. São 50 quilômetros de muitas crateras, acostamento estreito e sem placas de identificação. A pintura no meio da pista chega a desaparecer.

_ Está tudo um horror para estes lados. Uma grande vergonha _ grita um motorista que passa em velocidade reduzida pelo lado contrário da pista para desviar dos buracos, cena bem comum neste trecho.

A certa altura, o acostamento, que já é quase inexistente devido à falta do traçado e das más condições da via, praticamente some. Em outro trecho crítico, toda uma extensão de cerca de meio metro de largura está coberta de buracos. Isso obriga muitos condutores a praticamente pararem para passar pelo local. Aos desavisados, resta o alívio em ver que o veículo passou ileso.

O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) afirma estar analisando individualmente os contratos firmados com as empresas responsáveis pelos serviços de conservação, pavimentação e recuperação asfáltica das rodovias. Após isso, definirá onde as próximas ações serão executadas, com prioridade para os trechos mais críticos.

Rumo aos balneários

Dois acessos estão em boas condições de trafegabilidade, mas ambos exigem cuidados redobrados por causa das curvas acentuadas. O melhor trecho das rodovias visitadas pelo “Diário” são os 13 quilômetros de extensão da VRS-804, entre Santa Maria e Silveira Martins. Na estrada, as sinalizações horizontal e vertical estão em dia, e o asfalto é comparado a um tapete.

No verão, a estrada entre São Pedro do Sul e Toropi pela VRS-805 recebe um grande número de veranistas que visitam os balneários do Passo do Angico e Julião. O trecho, que estava bastante esburacado há cerca de dois meses, foi recapado em boa parte de sua extensão de 21 quilômetros.

Danos e reparações pelo caminho

Há duas estradas que dão acesso a Formigueiro pela BR-392. A primeira de quem sai de Santa Maria é a VRS-808, via que tem sido sinônimo de preocupação para caminhoneiros e para a empresa de ônibus Planalto. Em alguns locais, o asfalto parece que se esfarelou. Em outros, crateras estão abertas e representam perigo para quem trafega pela via.

_ Pior não fica. Não tem como _ afirma Valdecir Bortoluzzi Simões, 54 anos.

O caminhoneiro usa a estrada duas vezes por dia e conta já ter pensado diversas vezes em desistir da profissão devido às más condições de conservação da 808. Enquanto relata sua situação, mostra os danos que o veículo sofre ao passar pela buraqueira da estrada:

_ Tenho que amarrar com corda os faróis e as sinaleiras para não perder tudo pelo caminho, como já aconteceu outras vezes.


Via conta com movimento de caminhões e de carros de moradores daquela região, que reclamam da difícil situação

Mais tempo de viagem

A Planalto realiza esse trajeto de 18 quilômetros de segunda-feira a sábado em cinco horários diferentes. Pela viagem na estrada sem acostamento, muitas vezes é preciso parar para poder cruzar pelos buracos ou seguir na contramão da via.

_ Lá pela metade do ano passado, foi feita manutenção em alguns trechos que estavam mais ruins. Mas com as chuvas, tudo voltou de novo. As consequências vão desde pneus furados a problemas na suspensão dos nossos veículos. Uma viagem que seria de 1h30min acaba levando mais uns 20 minutos em média _ explica Ricardo Agendes, gerente operacional da Planalto.


Cordas são usadas para amarrar as sinaleiras do caminhão de Simões

Pela RS-640, não adianta passar devagar

Logo nos primeiros centímetros de asfalto da RS-640, entre o trevo que liga São Vicente do Sul e São Francisco de Assis a Cacequi, o arrependimento já bate nos motoristas. Quem passa pelo início desse trecho é recepcionado com muitos buracos no retorno do trevo. E, assim, segue durante boa parte da viagem.

Conforme a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), em outubro do ano passado, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) chegou a recuperar a estrada. Tudo porque era a principal via de acesso à Fronteira do Estado após a queda da ponte na BR-287, entre São Pedro do Sul e Mata. Após as frequentes chuvas, buracos nos 22 quilômetros de extensão foram reabertos.


Até onde era para ter acostamento, há buracos

_ Passamos num panelão desses, e olha o que nos aconteceu. Nem sei em qual desses buracos furamos o pneu _ conta Eduardo Estivalet, 21 anos, enquanto troca o pneu traseiro do veículo para poder seguir até São Vicente.

Andar devagar pela RS-640 não é garantia de que nada vá acontecer. Estivalet conta que estava a 30 km/h desde que ingressou na estrada:

_ Não tem como aumentar a velocidade. Imagina como deve ser difícil para quem está passando por aqui pela primeira vez.


Franco Antunes (à frente) e Eduardo Estivalet (agachado) perderam um dos pneus na buraqueira da estrada

Fonte: DIÁRIO DE SANTA MARIA