Pacientes ficam sem atendimento em hospitais da região

Instituições de Rosário do Sul e Cruz Alta suspenderam serviços por falta de verba

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Quem procurar atendimentos de alta e média complexidade em dois hospitais da região encontrará as portas fechadas. O motivo é a falta de repasse de recursos para a prestação de serviços via Sistema Único de Saúde (SUS). Já em outras duas instituições de saúde de Santa Maria, a destinação de verbas pelo governo do Estado está atrasada e assusta administradores, mas ainda não comprometeram os atendimentos.

A situação mais grave é a do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em Rosário do Sul. Em torno de 20 médicos que fazem atendimentos de média complexidade estão sem receber salário desde outubro de 2014. No último domingo, os trabalhos de clínica médica, cirurgia, pediatria, obstetrícia e traumatologia foram suspensos. A prefeitura negocia com a categoria.

Conforme o provedor do hospital, Paulo Fernandes, o executivo municipal mantinha convênio com o Auxiliadora desde 1997 para o pagamento de honorários médicos. Em dezembro de 2013, a parceria não foi renovada com a alegação de que essa questão não é do município. Desde então, o próprio hospital é que tem arcado com os salários, mas, em setembro do ano passado, os pagamentos deixaram de ser feitos. Após três meses de atraso, os médicos suspenderam os serviços.

Ainda segundo o provedor, uma média de 250 atendimentos são realizados por mês na instituição. Os serviços de urgência e emergência estão sendo feitos normalmente. Pacientes, principalmente gestantes, precisam procurar atendimento em Santana do Livramento. Hospitais de São Gabriel e de Alegrete também estão recebendo a população.

Renegociação da dívida

O delegado do Sindicato Médico de Rosário do Sul, André Kowalsky Dias, explica que foram realizadas reuniões na segunda-feira entre os funcionários e a prefeitura, que propôs pagamentos dos salários em atraso em três parcelas.
– A primeira parcela deve ser paga até o final deste mês. Só depois é que os médicos voltarão ao trabalho. Os atrasos somam cerca de R$ 282 mil. Agora, o hospital se comprometeu a seguir com os pagamentos – afirma Dias.

O “Diário” tentou contato por diversas vezes com o prefeito de Rosário do Sul, Luis Henrique Antonello, pelo celular, mas ele não atendeu. A secretária de Saúde, Sandra Amaral, também não foi localizada.

Só urgências e emergências

Os atendimentos também estão comprometidos em Cruz Alta. No Hospital São Vicente de Paulo, pacientes têm acesso somente aos procedimentos de urgência e emergência. A suspensão dos serviços de consultas, exames e cirurgias de média e alta complexidade via SUS, em vigor desde o último domingo, foi causada pelo não repasse de verbas pelo governo do Estado, conforme a assessoria de comunicação do hospital, que não soube informar desde quando acontecem esses atrasos.

No município, o São Vicente de Paulo é o único hospital que atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cruz Alta também conta com a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) para casos de urgência e emergência. Pacientes que precisam de serviços eletivos terão à disposição algumas alternativas em Ibirubá e em Panambi.

A Secretaria estadual da Saúde confirma os atrasos no repasse de recursos do SUS a hospitais, municípios e prestadores de serviços e alega que isso é consequência do comprometimento financeiro, ainda em 2014, acima da capacidade orçamentária. Também segundo a secretaria, o governo busca uma solução para contemplar o conjunto das instituições, que têm valores a receber do Estado. A situação está sendo avaliada com a Secretaria Estadual da Fazenda e, nos próximos dias, deverá ser anunciada uma posição sobre o pagamento dos débitos.

Ameaças em Santa Maria

Não é de hoje que os repasses para os serviços via SUS não têm chegado para duas instituições de saúde de Santa Maria. Apesar de ainda não haver cancelamento de nenhum serviço, as situações podem se agravar e respingar nos pacientes.

A direção do Hospital Alcides Brum e a da Sefas, que administra a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), confirmam atrasos de verbas pelo governo do Estado. Sem informar valores, apenas afirmam que a situação é recorrente. Em alguns casos, são destinados cerca de 60% do valor total por mês. Enquanto isso, o Caridade e a Sefas bancam salários com os próprios recursos com o objetivo de não comprometer os atendimentos.

Fonte: DIÁRIO DE SANTA MARIA