UFSC discute fim do vestibular e analisa adesão ao Enem

Mais da metade das universidades federais já utiliza exame para selecionar candidatos

UFSC
Foi um susto quando a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, comunicou, em maio, o fim do vestibular e a adoção do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) como forma exclusiva de ingresso na instituição. O anúncio foi feito um dia antes do encerramento das inscrições do exame.
Em Santa Catarina, a reitora da Universidade Federal, Roselane Neckel, garante que não haverá surpresas de última hora. Mas admite que o tema já está na agenda de discussões para a seleção de 2015.
Já o Ministro da Educação, Henrique Paim, pensa diferente. Para ele essa alteração deve ocorrer ainda este ano. A expectativa do governo federal é que uma decisão positiva à adoção do Enem seja anunciada ainda para o próximo processo seletivo.
Conselheiros e membros da comissão de vestibular da UFSC reiteram a tese do ministro, mas preferem não se comprometer com a declaração pública, e nem podem, uma vez que, por regimento, os encontros são sigilosos. Desde maio, o pró-reitor de graduação da instituição, Julian Borba, prepara um documento para análise e avaliações do Conselho Universitário da UFSC, o órgão máximo da universidade, composto por 100 membros.
De acordo com a reitora, uma reunião agendada para quinta-feira promete dar o start para o tema polêmico que implicará em mudanças significativas no cotidiano dos vestibulandos que se preparam para disputar uma vaga. Entre o vestibular e o Enem há mais diferenças que semelhanças. No Enem, o tempo de prova é menor, as leituras obrigatórias são descartadas, há interpretação de texto explorada e o grande desafio é a conexão.
Mais da metade das federais no país já aderiu ao Enem
Das 63 universidades federais do país, 36 já usam o Enem como única porta de entrada para o ensino superior. Em SC, por exemplo, o ingresso na Universidade da Fronteira Sul (UFFS) é 100% via exame nacional.
O educador e sociólogo Mateus Prado não duvida que haja uma mudança repentina na UFSC. Ele aponta as três universidades federais do Sul do país (UFSC, UFRGS e UFPR) como as mais resistentes à alteração na forma de ingresso. Segundo ele, a base do temor é o histórico de erros na aplicação das provas e também a nacionalização da concorrência.
— Quem disputa uma vaga via Enem, disputa uma vaga em qualquer curso, em qualquer federal do país — destacou.
O palpite do professor é que apenas a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) segure até no máximo 2016 para aderir ao exame nacional.
— A questão é regionalista. Com o Enem dificilmente vai ser estudada a obra de um escritor gaúcho. Na verdade, os temas realmente são centrados em São Paulo. Mas talvez o MEC com o tempo valorize a brasilidade no exame para ganhar algumas federais — avalia.
A popularização do Enem aumentou o número de inscrições neste ano e bateu recordes. Foram 9,5 milhões de inscritos, um número que superou até as expectativas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). As universidades portuguesas de Coimbra e Beira Interior também já adotaram o sistema.
 
Fonte: Zero Hora