
A Polícia Civil segue investigando as circunstâncias da morte do agricultor Ari Rosa dos Reis, de 84 anos, em uma propriedade no interior de Maquiné, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, município com cerca de 7 mil habitantes. O caso ocorreu na madrugada de sexta-feira (21), e as investigações apontam que o idoso foi vítima de um latrocínio, sendo morto com golpes de facão.
Viúvo havia 22 anos, Ari deixa cinco filhos. Foi um deles, Roberson dos Reis, quem encontrou o pai já sem vida na cama.
“Tive o dissabor de encontrar meu pai na cama, como se estivesse dormindo. Violentamente assassinado, com golpes na cabeça. A cena é muito chocante, ela derruba a gente emocionalmente. Agora é que a gente começa a entender a dor e o sofrimento do que aconteceu, da barbárie de que esse homem foi vítima”, diz.
De acordo com o delegado Valdernei Tonete, responsável pelo inquérito, a Polícia Civil apontou que os dois suspeitos do crime são irmãos, com 20 e 15 anos de idade, e eram vizinhos da vítima. O mais velho, de acordo com a Polícia Civil, teria afirmado ao irmão que compraria drogas com o dinheiro levantado pela ação.
O adolescente foi apreendido pela Brigada Militar ainda no sábado (22). O mais velho chegou a se apresentar na Delegacia de Polícia de Torres, a cerca de 70 km de distância de Maquiné, mas foi liberado pelo delegado plantonista, que compreendeu que já havia passado o tempo para o flagrante do suspeito. Para evitar a fuga, uma outra delegada pediu a prisão preventiva, que foi concedida pela Justiça. O suspeito foi preso no domingo (23), em uma praça de Torres.
De acordo com as investigações, os suspeitos pularam a cerca da casa onde Ari morava há quase 50 anos, no interior do município, e entraram na casa por uma janela. No meio da madrugada, a vítima foi morta enquanto dormia. Os investigados fugiram com cerca de R$ 5 mil, além de uma caminhonete. Os dois suspeitos moravam a cerca de 50 metros do local onde o crime aconteceu, em uma estrada rural. Os irmãos, de acordo com a Polícia Civil, já haviam trabalhado como peões na chácara de Ari.
“Podiam ter roubado e levado. Não precisava matá-lo. Matar, e da forma com que mataram, é muito bárbaro”, lamenta Elton dos Reis, outro filho de Ari.
Ari foi enterrado no sábado (22) em Terra de Areia, município em que nasceu, também no Litoral Norte.
“Um homem trabalhador, honesto, e vêm dois guris que fazem uma atrocidade dessas com ele. É muito difícil”, acrescenta Elton.
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Ari Rosa dos Reis, de 84 anos, foi morto após assalto no Litoral Norte do RS — Foto: Arquivo Pessoal
Insegurança na região
Segundo relatos, Ari já havia tido 24 cabeças de gado furtadas em sua chácara em outra ocasião.
“De pacata e segura, nossa região não tem nada há muitos anos. São vários episódios de violência, com furtos, furto a residência, furto de animais”, afirma Roberson.
A Brigada Militar de Osório, responsável pelo policiamento da região, diz que tem feito patrulhas na área. Contudo, as dimensões da localidade e a natureza de crimes como esse, difíceis de prever, dificultam as ações.
“Estamos aproximando todos os tipos de serviço que a Brigada Militar pode ofertar em modalidade de policiamento para dar uma resposta para a comunidade. Temos reforço, temos ações de inteligência, ações com parceria da Polícia Civil para que nós possamos dar uma resposta com qualidade naquela localidade”, comenta o Major Luiz César, comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, de Osório.
Por Vitor Rosa, RBS TV