‘A situação é muito crítica e nós precisamos do comprometimento de cada um’, diz governador do RS, Eduardo Leite, sobre coronavírus

Após suspender a cogestão e definir todo o estado como bandeira preta diante da crise do coronavírus, governador pede que a população colabore para reduzir a circulação do vírus.

O governador Eduardo Leite pediu mais uma vez que a população e as autoridades colaborem para evitar a disseminação no coronavírus, no momento mais crítico do estado desde o início da pandemia. Em entrevista ao Jornal do Almoço, nesta sexta-feira (26), ele apelou para que cada um faça sua parte e reduzam a circulação.

“A situação é muito crítica e nós precisamos do comprometimento de cada um. Eu preciso da adesão dos prefeitos, eu preciso do esforço de cada um. Não adianta o governador bater na mesa e dizer o que tem que fazer, se as pessoas não entenderem”, diz.

“A gente precisa derrubar essa taxa de contágio. Então, precisa ser só liberado o que for estritamente essencial”, reafirma.

Questionado por inicialmente não ter suspendido a cogestão, sistema em que os municípios podem definir protocolos de combate à doença mais brandos do que o determinado pelo governo estadual, Eduardo respondeu. “Eu não sou mito, e nem quero ser. Se o governador chama um reunião pra dialogar, ele é chamado de frouxo. Se ele decide, ele é autoritário?”

Após reunião com prefeitos, na quinta-feira (25), o governo decidiu suspender a cogestão e colocou todo o estado na bandeira preta. As medidas passam a valer no sábado (27). Entenda abaixo como funciona o distanciamento controlado no RS.

“Esse vírus não escolhe quem ele vai infectar, pode ser você, sua família, um colega querido de trabalho”, lamenta.

Alta nas internações

 

O sistema de saúde apresenta sinais de esgotamento, com recorde nas internações de UTI e aumento na demanda por unidades de pronto atendimento e postos de saúde. “O ritmo tão acelerado de internações reflete uma circulação maior do vírus, que gera uma taxa de contágio que é a maior desde o início da pandemia”.

Segundo o governador, a velocidade de internações aumentou três vezes nos últimos dias.

O governo acionou a última etapa do plano de emergência para o coronavírus, em que todas as áreas dos hospitais podem ser requisitadas para o tratamento da doença, porém segundo Leite o estado ainda não está em colapso.

“Nós temos ainda disponibilidade, mas não imediata, do leito. Porque naquele hospital não tem, onde que tem fica difícil de encontrar. Ninguém está deixando de ser atendido, mas estão represando no leito de UTI”, esclarece.

 

“Estou enxergando o pico do Everest. Estamos apavorados”, declarou a secretária de Saúde do RS, Arita Bergmann, na quinta (25).

 

Governador Eduardo Leite  — Foto: Reprodução/RBS TV

Governador Eduardo Leite — Foto: Reprodução/RBS TV

‘Leito de UTI não é cura’

 

O governador também afirmou que somente a abertura de novos leitos, sem adoção de medidas de contenção de contágio, não é a “solução para a Covid”.

“Mesmo que a gente tivesse uma quantidade infinita de leitos de UTI, não significaria salvar todas as vidas. Não adianta só aumentar UTI, nós precisamos reduzir o contágio”.

O leito de UTI demanda profissionais especializados, lembra Leite, e existe uma limitação de profissionais. “Estamos comprando mais equipamentos, mas vai esbarrar na questão de recursos humanos”.

Não há previsão de falta de oxigênio para atendimento no RS, lembra o governador.

‘Mensagens contraditórias do governo federal’

 

Enquanto busca soluções para reduzir o contágio, o governo pretende adquirir vacinas contra a doença, e trata direto com laboratórios. “Nosso foco é de fato antecipar o cronograma de vacinação”, diz o governador, que considera que o governo federal dá ‘mensagens contraditórias’, sobre a vacinação.

“Ora o presidente [Jair Bolsonaro] fala que sem vacina, vira jacaré. Ora diz que a pandemia está acabando e que não via motivo para a ansiedade para compra das vacinas. Essas mensagens geram ansiedade, tensionam e não nos deixam outras alternativas”, diz.

Fonte: G1