Apitaço contra o assédio moral e sexual mobiliza acadêmicos da Unipampa em Alegrete

Durante toda essa semana, uma intensa programação coordenada pelo Coletivo Por Elas com apoio do Centro Estudantil, sacudiu o campus da Unipampa Alegrete.

A notícia de que existem denúncias de assédio de ordem moral e mesmo sexual dentro da universidade, deixou o clima agitado.

O assunto já domina o campus, com reuniões que reúnem centenas de acadêmicos e tomaram as redes sociais. Na segunda-feira o auditório da Unipampa esteve completamente lotado.

Pelos corredores e mesmo na frente da universidade há faixas e cartazes repudiando as atitudes, que conforme os alunos se repetem e se agravam dento do Campus.

Na quarta, foi realizada uma palestra com a psicóloga Bárbara Monteiro. Nesta quinta-feira (26), uma caminhada saiu da frente da Unipampa e foi até a Ponte Borges de Medeiros.

Empunhando cartazes com frases de protesto contra o assédio de qualquer ordem, um grupo de aproximadamente 30 acadêmicos, vestidos com roupas pretas e rostos pintados, caminharam pacificamente até a ponte.

Por quase 30 minutos, eles obstruíram o trânsito com intervenções a cada cinco minutos. Alguns motoristas buzinavam, outros apressados ficaram resignados pelo mínimos dois minutos parados na entrada da ponte. A Vereadora Maria do Horto (PT), acompanhou a caminhada.

Ainda durante a manhã de quinta, a Unipampa divulgou uma nota. Confira o texto na íntegra, recebido pela redação do Alegrete Tudo:

NOTA À COMUNIDADE ACADÊMICA DO CAMPUS ALEGRETE/UNIPAMPA Data de publicação 26/09/2019 – 09:22 Por Thiago Eliandro de Oliveira Gomes A Direção do Campus Alegrete, da Universidade Federal do Pampa, em atenção às diversas manifestações no âmbito institucional ou nas redes sociais, vem expressar publicamente que repudia veementemente toda forma de agressão seja contra quem for e especialmente contra a mulher, em qualquer local de sua convivência afetiva, nos termos da Lei nº 11.340/2006. Neste sentido, esclarece que todas as medidas administrativas de sua competência estão sendo adotadas, com o apoio da Reitoria da Universidade, especialmente a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, a Coordenação de Qualidade de Vida do Servidor, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários, a Pró-Reitoria de Graduação e a Procuradoria Federal/PGF/Advocacia Geral da União junto à Unipampa. Por oportuno, informa que eventuais medidas protetivas, originárias da autoridade policial ou judicial, são apoiadas e cumpridas integralmente, no que compete à Administração da Universidade, em respeito às leis e visando a mais adequada satisfação de suas finalidades educacionais. Em nenhum momento a Universidade foi omissa no cumprimento de seus deveres, tendo examinado e adotado as providências necessárias a toda e qualquer denúncia apresentada. Da mesma forma, reconhece e espera de seus servidores e da Comunidade Acadêmica em geral o exercício de suas respectivas atribuições com zelo, dedicação e lealdade à Instituição, conforme suas responsabilidades, nos termos da Lei n.º 8.112/90.

A reportagem tentou colher alguma informação com os manifestantes, mas todos preferiram ficar calados sobre o assunto, apenas protestaram em alto e bom tom no trecho que compreende a Unipampa e Borges de Medeiros.

Sobre a nota que a Unipampa divulgou, muitos não concordam pelo que se viu durante o protesto. Por meio de um aplicativo de mensagens conseguimos contato com uma integrante do Coletivo Por Elas, que foi taxativa. “Na parte em que a universidade nunca foi omissa, podemos dizer que não é isso. Esperamos só que essa nota não seja igual a atitude que eles têm que tomar, pois não vamos aceitar agressores em sala de aula e as vítimas fora”, desabafou a aluna, que por opção preferiu não se identificar.

Segundo ela, o movimento não vai parar enquanto não tiverem uma resposta condizente com a situação da universidade, não com a universidade que eles ditam para o reitor, destaca a manifestante.

Nesta sexta-feira (27), a partir das 17 h 30 min, está marcada uma grande assembleia, que vai discutir o assédio moral e sexual no ambiente acadêmico.

Também é esperado uma resposta da direção. O Comitê de Gênero e Sexualidade e ONG Amoras estarão reforçando o pleito levantado pelos acadêmicos do campus da Unipampa em Alegrete.

Júlio Cesar Santos