Após perder pai com Covid-19, morador de Caxias do Sul cria câmara portátil de sanitização

Aparelho desenvolvido por Daniel Veloso é mais barato do que outras opções do mercado e esteriliza objetos em cinco minutos. Vinte unidades já foram produzidas.

O autônomo Daniel Veloso, morador de Caxias do Sul, na serra gaúcha, se inspirou na perda do pai para a Covid-19 para criar um modelo de um item fundamental para o combate à doença: a câmara de sanitização, que esteriliza objetos e ajuda a bloquear a disseminação da doença.

“E eu fiquei pensando: se eu tivesse me antecipado, se eu tivesse à disposição dele um equipamento que ele pudesse sanitizar a máscara dele com eficácia. Talvez, isso poderia ser evitado.”

 

O modelo desenvolvido por Daniel é portátil e mais barato do que as opções encontradas no mercado. Utiliza lâmpadas ultravioleta para matar vírus e bactérias.

Esse tipo de luz é 200 vezes mais potente do que lâmpadas de LED, usadas em outros modelos com a mesma finalidade. Em cinco minutos, qualquer objeto é esterilizado no equipamento criado por Daniel.

Vinte câmaras já foram produzidas e 15 estão sendo usadas na indústria alimentícia, no setor de hotelaria e em serviços de saúde. Ele trabalha agora no desenvolvimento de um aparelho maior, para esterilizar equipamentos que não caberiam no primeiro modelo.

O médico infectologista Diego Rodrigo Costa explica a importância da esterilização para o combate à doença.

“A diferença grande que a gente tem do coronavírus pras bactérias multirresistentes hospitalares, é que os vírus precisam de uma dose maior de raios UV, UV-C do que as bactérias. Eu acho que tudo é válido quando a gente está lidando com economia de EPIs, com sanitização de ambientes. A gente tem que investir, sim, nisso. A gente precisa de uma regulação maior da Anvisa acerca desses objetos para que a gente possa utilizá-los cada vez mais.”

Daniel construiu protótipo mais barato e usando a luz ultravioleta para sanitizar peças — Foto: Reprodução/RBS TV

Daniel construiu protótipo mais barato e usando a luz ultravioleta para sanitizar peças — Foto: Reprodução/RBS TV

Custos reduzidos

 

Em seu laboratório de eletrônica, Daniel desenvolveu o protótipo em três dias. Usou todos os componentes nacionais, o que reduziu os custos.

Enquanto alguns modelos saem em torno de R$ 45 mil, o equipamento de Daniel custa R$ 5 mil. A câmara está sendo submetida a testes de eficiência em um laboratório de Caxias.

A biomédica Hortência Muriel Bohrer Ballesteros explica as vantagens do modelo. “Além de a máquina oferecer a sanitização ultravioleta, que não deixa resíduo, por exemplo, o cheiro do químico, o aspecto molhado, a necessidade de ter que esperar pra depois circular ou utilizar os objetos, eu recebo como uma grande vitória porque isso serve pras escolas, pros laboratórios, serve pro comércio”.

“A gente não está tranquilo, a gente não está calmo, né. Porque ainda não passou a batalha. A batalha recém tá começando, né. E a gente está pronto pro que der e vier”.

Fonte e créditos: G1