
Juliana Pacheco, 29 anos, e Nicolli Cernicchiaro, 22, planejam cerimônia para 2020.
Os pedidos de casamento nos estádios da dupla Gre-Nal estão longe de serem novidade. Desde que os telões ganharam espaço nas casas de Grêmio e Inter, a cena é comum durante os intervalos das partidas. No clássico 422, no entanto, pela primeira vez um casal homoafetivo firmou o compromisso na Arena.
A ideia de Juliana Pacheco, 29 anos, era tornar o momento o mais especial possível para Nicolli Cernicchiaro, 22 anos. A empresária nunca tinha ido a uma partida de futebol até começar a namorar a fanática cozinheira.
— Quando aparecia a câmera do beijo, a Nicolli ficava muito empolgada, queria aparecer no telão. Mas achávamos impossível nos mostrarem por sermos homossexuais. Então, planejei para tudo ser como especial como sonhávamos. Brincávamos até que uma só aceitaria o pedido se a outra chegasse em um cavalo branco, como nos contos de fadas. Mas, em um jogo, tive a ideia de fazer no Gre-Nal, porque caía no nosso aniversário de nove meses de namoro. Se é para fazer, que seja algo de sonho, surreal — explicou Juliana.
A empresária consultou a família sobre a ideia. Preocupados com possíveis reações violentas de torcedores próximos ao fato, os três irmãos se prontificaram a proteger e apoiar o casal na Arena.
— Toda a família foi junto para me apoiar, para estar junto, mas tínhamos medo da reação das pessoas. Foi lindo, todo mundo aplaudiu. Não teve nenhum comentário preconceituoso — celebrou.
A dupla se conhece há mais de 15 anos, mas foi só em fevereiro deste ano que a amizade virou namoro. As duas não esperavam uma repercussão tão positiva após o pedido de casamento:
— Estamos chocadas. Desde ontem (domingo, 3), tem muita gente nos ligando, falando com a gente, pedindo entrevista. Tinha cento e poucas mensagens no meu celular. Tem muita gente apoiando, falando superbem. Nem estamos lendo a parte negativa para não estragar o momento.
Se depender de Juliana e de Nicolli, o Gre-Nal 422 não marcará apenas a vida das duas. Para elas, o mais importante é que a diversidade sexual seja mais debatida e aceita não só nos estádios, mas em toda a sociedade.
— Queremos dar mais visibilidade para lutar pelo nosso direito, que cada vez menos pessoas preconceituosas existam. Espero que seja um marco. Em todas as áreas, temos de fazer um movimento inclusivo. Ali no estádio, todos estão torcendo pela mesma coisa, não importa se a cor é diferente, a orientação sexual. Qualquer lugar tem de ser inclusivo para qualquer tipo de pessoa — concluiu Juliana.
Fonte: Gaúcha/ZH