
O rosariense Luiz Mar Temp, tem 69 anos, e reside em Alegrete desde sua adolescência. Aposentado, Seu Luiz tem um hobby.
Ele coleciona a revista Placar desde 1970, quando tinha 18 anos. A reportagem do Portal Alegrete Tudo visitou a casa do colecionador e encontrou cerca de 1.451 exemplares.

Ele conta que sempre trabalhou como funcionário em uma fazenda, como tratorista, comprava e ainda compra a revista nas bancas. Neste último ano ganhou uma assinatura anual da revista.
Foram 51 anos saindo da lavoura e vindo para a cidade adquirir o exemplar do mês. Tudo isso pelo seu amor declarado ao futebol.
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“Minha história com a Placar, começou no dia 20 de março de 1970. Naquele dia foi lançado para todo o Brasil, a primeira edição da revista. “Sonho antigo da Editora Abril, como no país do futebol, não ter uma revista, voltada exclusivamente para este esporte”, entrega Seu Luiz.

Na época do lançamento da revista, já havia comentários da novidade. “Para mim, que lia tudo relacionado ao futebol, causou grande expectativa a respeito da chegada da Placar em minha cidade, na época morava em Rosário do Sul”, conta.
Mas o pesadelo do colecionador, momento de tristeza, quando os primeiros três números não vieram, para a banca de revistas “Cacique”, onde ele comprava semanalmente a revista. “Lembro bem (e já se passaram 51 anos) a Placar chegava às quintas-feiras sem atrasos, vinha com reportagens e fotos dos jogos ocorridos do fim de semana.
“Me esforcei, para conseguir, os primeiros três exemplares, que faltavam. Consegui adquirir os dois primeiros, comprados de um leitor de Fortaleza (CE).
Na época do lançamento da Placar, Luiz Temp, residia no interior do município, às vezes era difícil se deslocar para a cidade no dia em que a Placar chegava às bancas.
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Com o passar do tempo se tornou amigo do dono da revistaria Cacique em Rosário do Sul, fez amizade também com o dono da revistaria “Dominique” de Santa Maria, quando lá estudava, da revistaria do “Peninha” quando veio para Alegrete, e hoje compra sua Placar na revistaria “Recreio”, em Alegrete (cidade onde nasceu João Saldanha, brilhante jornalista, e treinador de futebol, que montou a seleção brasileira, campeã do mundo em 1970), ilustra o colecionador.
“Nunca deixei de comprar Placar, os números que me faltam é porque aqui não chegaram. Hoje Placar é para mim, fonte de pesquisa, qualquer dúvida é na Placar que recorro. Por exemplo a escalação, do Grêmio Bagé nos anos 70, ou do Farroupilha, do Cruzeiro de Porto Alegre, do mesmo ano. O tabelão da Placar era um trabalho minucioso e brilhante”, explica o colecionador.

A conversa viaja pelo futebol, eis que Seu Luiz mostra um exemplar que um repórter da Placar esteve em Alegrete para jogar pelo Operário, time do futebol amador da cidade. A história refere-se a um amistoso entre o time de Alegrete e uma equipe uruguaia que tinha a única mulher do mundo que jogava num time de homens. O jornalista Roberto Appel correu 14 minutos marcando Claudina e não aguentou, teve de ser substituído, ela correu todo jogo.

A saga em Alegrete rendeu uma reportagem de duas folhas na Placar e Seu Luiz guarda tudo isso e muito mais numas capa duras personalizadas e separadas por anos.

O colecionador se refere a Placar como sendo “A Bíblia do Futebol”. Os tempos mudaram, Placar mudou também. A revista não tem o mesmo conteúdo de antes, mas é seu hobby há mais de meio século.
Ele conta que a revista esportiva, reprisa com frequência, reportagens e fotos de números passados, deixou de publicar os guias, da Libertadores, dos Campeonatos Brasileiros, e outros.
“Cadê as tabelas destes torneios? Espero que um dia tudo volte para que a minha vontade de seguir comprando a revista Placar continue firme e inabalável, como foram estes 51 anos de fiel leitor e admirador do trabalho dos jornalistas que fazem a revista.”, protesta o assíduo leitor e colecionador.

Seu Luiz ostenta sua coleção na sala de entrada da casa. É ali que rotineiramente tira todas edições e limpa o espaço. Gosta de buscar um ano ou outro e relembra fatos esportivos passados.

Colorado de carteirinha, Seu Luiz guarda na memória os fatos marcantes do esporte brasileiro. Nos mostra o primeiro e o último exemplar que ainda está degustando, antes de integrar a coleção das revistas de 2021.