Depois de (muita) chuva, suor e lágrimas na fan fest em Porto Alegre, torcida festeja resultado

Com Julio César alçado ao status de divindade, os cerca de 5 mil torcedores que passaram pelo Anfiteatro Pôr-do-Sol sofreram junto com os jogadores canarinhos

Depois de (muita) chuva, suor e lágrimas na fan fest em Porto Alegre, torcida festeja resultado Diego Vara/Agencia RBS
Vai sobrar gripe depois da fan fest deste sábado. Mas o que não faltou foi a força, a loucura, o rio de lágrimas vertido pela torcida – vamos lá, reunir cinco mil em uma tarde de chuva chata como essa não é coisa pouca – que encarou o tempo cruel para assistir à nervosa vitória do Brasil contra o Chile.
Na plateia, uma maioria brasileira – com alguns hermanos remanescentes da invasão argentina e, pasme, alguns uruguaios que aproveitaram para torcer pelo Brasil antes de Uruguai x Colômbia. Mesmo um grupo pequeno de coreanos, que estendeu a estada em Porto Alegre, marcou presença. Os adversários chilenos compareceram, discretos, para torcer por sua seleção.
Também, pudera: no jogo mais pegado do Brasil nesta Copa, a catarse foi coletiva no Anfiteatro Pôr-do-Sol. A torcida canarinho ignorava as potenciais dores de garganta advindas da chuva gelada para gritar a cada lance. No gol anulado de Hulk, os urros de emoção da virada foram substituídos por um suspiro uníssono.
A angústia era palpável. Enquanto a raça chilena rasgava a defesa brasileira, a única festa que se ouvia na fan fest era dos uruguaios – justo, já que o deles vinha em seguida. Cada defesa de Julio César era gritada como gol.
E veio a prorrogação. Torcedores faziam soar, a esmo, suas vuvuzelas. Os chilenos, acuados, se reuniam em um canto, orando. Embaixo dos guarda-chuvas, os torcedores se agitavam, fechavam os olhos, também rezavam. O telão chegou a exibir uma imagem cortada por cerca de três segundos – suficiente para enlouquecer a torcida. Com o coro de “eu acredito, eu acredito”, entoado no Mineirão repetido na fan fest, a atmosfera era enlouquecedora.
Mas, mesmo com o Brasil melhor na prorrogação, o jogo foi decidido nos pênaltis. E não era mais possível, nem para os mais contidos, se privar da emoção. Guarda-chuvas voavam. Um chileno era o primeiro da fila no telão e não sabia a quantas andavam as cobranças. Frustou-se com a grandeza de Julio César. Venceu a canarinho. E, como disse o torcedor chileno de Santiago, “não é Brasil se não tem emoção”.
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Fonte: Diário Gaúcho