
O Rio Grande do Sul registrou, no domingo (7), o décimo dia seguido com alta na média móvel de mortes. Foram 79 novos óbitos, por Covid, em 24h, segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). Desde o início da pandemia, 13.449 pessoas morreram pela doença.
Em Alegrete, o número também foi um dos maiores em apenas um dia. O domingo foi trágico para seis famílias que não puderam viver o luto, com uma despedida “tradicional”, com velório. No total, seis pessoas perderam a vida com alguma relação à Covid-19. Embora, um dos pacientes o resultado está sendo aguardado pela Secretaria de Saúde do Município, o homem de 58 anos, foi sepultado com todos os protocolos da OMS, ou seja, sem velório. Eis a mais dura realidade, não há uma despedida, um toque ou a oportunidade de estar perto quando a situação fica grave. Tudo se torna lembranças, muito antes desse momento chegar. Para aqueles que já estavam hospitalizados, a saudade já estava latente, o desejo de ouvir algo positivo afligia desde a internação.
As mortes, positivadas, foram quatro do sexo masculino sendo: 40,48,80 e 82 anos, e uma mulher de 77 anos. Alguns estavam na UPA e outros na Santa Casa de Alegrete. Entre sábado e domingo, Alegrete registrou dados que impactam, pois no dia 6, foi contabilizado a paciente mais jovem a ter a vida ceifada pelo novo coronavírus, 19 anos.
Os casos positivos, também, foram espantosos, de sexta a domingo, 337 novos casos positivos com mais de mil pessoas em isolamento social e, na mesma proporção, com síndrome gripal. Alegrete chega a 78 óbitos nestes 12 meses de pandemia no Brasil.
Foto: Alex Lopes
O boletim da Santa Casa, na noite de ontem, aponta para um indicador muito importante e preocupante, dos 53 pacientes internados entre UTI Covid, UPA e Hospital de Campanha, 13 estão com ventilação mecânica ( que pode ser através de máscara ou tubo) e 40 pacientes com suporte ventilatório. Nenhum, está sem auxílio respiratório.
Na UTI adulta normal que compõe oito leitos, sete estão ocupados. Já a UTI Covid-19 que agora está remodelada com 15 leitos, 13 estão ocupados, destes 11 confirmados e dois aguardando resultado do teste. No Hospital de Campanha, dos 30 leitos disponibilizados, 24 estão ocupados, sendo 20 positivos e quatro suspeitos – aguardando resultado- os leitos que foram implementados na Unidade de Pronto Atendimento -UPA-, há 25 leitos, com 10 pessoas aguardando resultado do exame e seis confirmados, totalizando 16 leitos ocupados. Sem exceção, os pacientes estão, entubados, com ventilação mecânica ou suporte ventilatório.
Já o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde cadastrou, até o momento, 5.795 casos confirmados, com 4.530 recuperados, 1188 ativos (1153 estão ativos em isolamento domiciliar) e 78 óbitos.
Foram realizados 21.381 testes, sendo 15.386 negativos, 5.795 positivos e 200 aguardando resultado. Em observação com síndrome gripal são 1.344 pessoas.
Os números em alta, apontam que os alertas foram ignorados, os cuidados deixados de lado e a palavra que mais se ouviu, desde o início da pandemia- empatia- ficou na conduta de poucos. A pandemia não passou e o sofrimento consternou famílias. O que falta? Embora há um ano do início da pandemia e a vacina cada dia mais próxima, isso ainda não quer dizer que os cuidados básicos solicitados há meses tenham que ser ignorados. A verdade é que o vírus e as novas cepas ainda são uma loteria na vida daqueles que julgam irrelevante ou que será apenas uma indisposição e quanto mais rápido se contaminar melhor. Até nesta situação há equívoco, pois poderá se reinfectar e ter sequelas graves ou até mesmo óbito. As novas variantes estão atingindo de forma geral pessoas mais jovens e de maneira mais agressiva. Os casos estão chegando nos hospitais muito mais graves e letais.
Flaviane Antolini Favero
Foto capa Eduardo Silveira