Bacharelados e licenciaturas tiveram aumento tímido, não chegando a dobrar em uma década
Os dados do Censo da Educação Superior, divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam uma verdadeira explosão na procura por cursos tecnológicos no país. Enquanto os bacharelados e as licenciaturas apresentaram avanço tímido, os tecnólogos viram o número de matrículas crescer oito vezes nos últimos dez anos.
De 2003 a 2013, os cursos tecnológicos passaram de 114 mil para 995 mil alunos no Brasil, um aumento de 768%. No último ano, os acadêmicos da área representaram 13% do total de 7 milhões de universitários do país.
Maior em número de alunos, com 67% dos universitários matriculados no Brasil, os cursos de bacharelado tiveram crescimento de 89% na década, passando de 2,6 milhões para 4,9 milhões de acadêmicos. Já as licenciaturas, que possuem 18% dos alunos do país, tiveram aumento de 55% nas matrículas em 10 anos, passando de 885 mil estudantes no país em 2003 para 1,3 milhão em 2013.
O especialista em educação profissional e pesquisador da Universidade Feevale Gabriel Grabowski relata que, até pouco tempo, quem ofertava a educação tecnológica era fundamentalmente as instituições privadas, já que os cursos mais baratos e mais curtos são atrativos à população. Nos últimos anos, houve um aumento na oferta desse tipo de ensino pelo setor público, o que confirma a tendência de crescimento do setor.
— Os alunos que procuram os tecnólogos são, em maioria, adultos de 25 a 35 anos, que já estão no mercado de trabalho e buscam educação superior, ou que estão cursando a segunda graduação — explica Grabowski.
Apesar da grande demanda, o professor alerta para a formação reduzida que os cursos de tecnologia oferecem, já que são um recorte das áreas de ensino. A desvantagem, segundo ele, é que os alunos não terão uma formação geral.
Mudança de bacharelado para tecnólogo fez turmas duplicarem
Pegando carona na boa fase dos tecnólogos, em 2009 a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) decidiu migrar seu curso de Bacharelado em Turismo para Tecnologia em Gestão do Turismo, o que fez a procura duplicar.
— Fizemos estudo de mercado e tornamos o curso mais prático, para os alunos empreendedores. Hoje, 85% dos nossos alunos saem empregados — explica Maurício Schaidhauer, coordenador do curso.
Segundo o professor, os estudantes relatam que a vantagem do tecnólogo, que possui duração de três anos e meio, um ano a menos do que o bacharelado, é poder se graduar e se especializar em quatro anos, enquanto outros acadêmicos conquistam apenas o diploma no mesmo período de tempo.
Fonte: ZH