Estiagem faz Rio Ibirapuitã registrar nível mais baixo nos últimos 5 anos em Alegrete

Medição da CPRM – Serviço Geológico do Brasil mostra que o nível do Rio Ibirapuitã em Alegrete, sofreu variações no volume de água nos últimos meses.

No momento atual, o Rio Ibirapuitã reage com uma pequena elevação devido às últimas chuvas. A reportagem do Portal Alegrete Tudo conversou com Franco Turco Buffon, pesquisador em Geociências e Engenheiro Hidrológo
do Serviço Geológico do Brasil – CPRM.

Segundo o profissional, em 2020, o Rio Ibirapuitã em Alegrete atingiu seu nível mínimo de 84 centímetros, no dia 10 de março, sendo que o normal esperado para este mês durante os períodos de estiagem prevê média dos níveis mínimos de março, próximo a 100cm.

Este foi considerado o patamar mais baixo registrado nos últimos 5 anos. Conforme estudo, Franco salienta que apesar da gravidade da estiagem deste ano, quando se compara o nível do rio da situação atual com a série histórica do monitoramento de níveis da CPRM iniciada em 1940, se observa que o nível (apesar de baixo) ainda é bastante mais alto que os mínimos históricos já observados nos anos de 1965 (49cm) e mais recentemente em 2009 (53cm).

“A elevação dos níveis nos rios são uma “resposta hidrológica” à ocorrência de chuvas, é preciso que as chuvas ocorram com regularidade para que o rio mantenha os níveis mais elevados, não havendo continuidade das chuvas os rio voltam a baixar”, explica o pesquisador da CPRM.

Cabe ressaltar que outros rios da região, como o próprio Rio Uruguai e o Ibicuí, onde o Ibirapuitã deságua, a estiagem atingiu níveis mais severos alcançado recordes de níveis mínimos históricos. “Apesar da estiagem do rio Ibirapuitã ter sido intensa, a situação não foi tão grave como em outros rios da região”, pondera o engenheiro.

No município uma estrutura abriga a Plataforma de Coleta de Dados, conhecida popularmente pela sigla PCD. A PCD e se encontra junto das réguas de Alegrete, no Bairro Rui Ramos.

A Plataforma possui sensores ligados a ela que registram os dados de chuva (por meio de um pluviômetro) e nível (por meio de um sensor de pressão no leito do rio). A PCD também transmite os dados registrados via satélite em tempo real, sendo atualizado de hora em hora.

Um tubo leva o sensor de pressão da PCD até o fundo do leito do rio. A estrutura ainda conta com um pluviômetro e antena da transmissão via satélite.

Em Alegrete existe uma seção de réguas “linimétricas”, equipamento instalado em 1940, na margem do Rio Ibirapuitã que é utilizado pelo “observador hidrológico” para registrar o nível do rio duas vezes por dia, às 7h e 17h.

De acordo com o gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da CPRM em Porto Alegre, Diogo Rodrigues da Silva, após alguns meses de chuva considerada até expressiva no ano passado, a virada de ano para 2020 começou a trazer escassez geral para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, registrando severa estiagem em diversos municípios. “Muitos decretaram situação de emergência e, em alguns locais, a seca continua se agravando, com os rios baixando continuamente, dia após dia. Segundo os modelos de previsão climática, as chuvas mais intensas retornarão somente em junho. Portanto, a tendência é que a situação permaneça por mais este mês. Nesse período, o monitoramento tem sido atualizado diariamente para que possamos acompanhar a quebra de recordes de níveis nas principais estações monitoradas no RS e SC”, explicou.

Júlio Cesar Santos