
“100 anos de muita luta, muita vitória, muita alegria. O que não falta nela é alegria. Adora acordar cedo e não abre mão do chimarrão. Ela gosta muito de viver” – descreveu a neta Luciele.
Em 1918, a gripe espanhola, uma das duas maiores pandemias da história, assolou o mundo e atingiu seu pico no ano de 1919.
Um ano depois, nascia a então centenária Appeles de Moura no dia 22 de abril. A alegretense, que completa uma década de existência em um período de isolamento social, incertezas e uma nova pandemia devido à Covid-19, residiu quase toda sua vida no interior de Alegrete, lugar onde aconteceu a sanga da batalha na Rivadávia Correa.
A centenária, apaixonada pelo chimarrão, tem o hábito de acordar cedo. Ela é dona de uma memória incrível e salienta que diante do que está acontecendo hoje, a única doença que recorda e era muito comentada quando criança foi o Tifu. Mas nada comparado ao cenário atual.
Mãe de sete filhos, 5 homens e duas mulheres, sendo dois falecidos, o filho mais velho e o caçula. Appeles foi casada durante 48 anos e também tem nove netos e 12 bisnetos.
Em entrevista ao PAT, ela disse que lamenta muito por não celebrar essa data tão especial, por conta do isolamento social, mas diz que tem esperança que logo tudo vai ficar bem. Mas considera que sente falta de receber visitas. ” Minha avó é uma segunda mãe, o exemplo que eu sigo. Tem um mingau que ela fazia que todo mundo era apaixonado, assim como, nunca pode faltar um doce. Tudo que tu pergunta pra ela, pode ter certeza que terá uma resposta, sabe tudo, é uma pessoa muito tranquila e amável” – descreveu uma das netas chamada Luciele.
Ela começou a trabalhar aos 20 anos como cozinheira em uma Estância, à época, não existia água encanada, nem luz elétrica. E recorda das tardes lavando roupa na sanga. Também trabalhou de 1951 a 1973 com a Hilda Ferreira da Costa e Peri Ferreira da Costa, casal que tem belas recordações e sempre fala com carinho e consideração.
Os anos de trabalho foram importantes e a alegretense adquiriu um dos seus sonhos que era uma chácara. Ela e o esposo Lourenço Melo(in memorium), viveram por 48 anos no local. Ele faleceu no ano de 2000. Desde então, a centenária veio para Alegrete onde reside com uma das filhas.
Um dos hábitos que Appeles mais conserva e sempre evidenciou é ter a família, sempre que possível, reunida.
No final da entrevista ao ser questionada se acredita que o período de hoje é melhor ou mais complicado que décadas atrás, sem titubear, ela ressalta que sem dúvidas os dias de atuais são melhores, tem muito menos dificuldade, mais conforto e que é importante os jovens aproveitarem as grandes oportunidades que têm junto ao ensino. O estudo, faz uma grande diferença pra vida – comentou.
“Desejamos que ela continue esbanjando saúde junto a nós todos. Amamos muito ela.” – encerrou a neta.
Flaviane Antolini Favero