Fotógrafo assassinado em Canoas sonhava empreender com irmão gêmeo

Gustavo Gargioni, 22 anos, foi encontrado morto na terça-feira. Ele trabalhou na equipe de comunicação do governo do Estado em 2014

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Conhecido pelos ex-colegas de trabalho como um jovem alegre, disposto e de bem com a vida, o fotógrafo Gustavo Gargioni, 22 anos, teve o sonho de se tornar sócio do irmão gêmeo e empreendedor no mercado de eventos interrompido por um assassinato brutal na última segunda-feira em Canoas, na Região Metropolitana. Espancado de diversas formas e atingido por pelo menos dez tiros, ele foi encontrado próximo à Praia de Paquetá em um crime aparentemente passional, conforme a polícia.

Gargioni trabalhou por mais de dois anos na equipe de Comunicação Social do Palácio Piratini, onde ficou até o final do mandato de Tarso Genro, e queria se especializar em fotografia de eventos, como formaturas e casamentos, para depois abrir uma empresa com o irmão Guilherme Gargioni. Naturais de Maceió (AL), eles se mudaram para o Rio Grande do Sul com um ano de idade e moraram no Vale do Sinos com a família antes de se estabelecerem em Canoas. Gustavo deixa os pais e mais duas irmãs.

Os gêmeos eram colegas na faculdade de Comunicação Social da Unisinos e estavam no quarto semestre quando tiveram de trancar o curso devido à alta demanda de trabalho. Além de atuar no governo do Estado, Gustavo também fotografava festas e procurava se especializar em marketing para dar a mudança que sonhava na carreira nos próximos anos.

– Todo mundo que conviveu com ele sabe da alegria que transmitia, do sorriso sempre estampado no rosto. Um cara que tentava alegrar os outros, de bem com a vida. Foi uma surpresa grande o que ocorreu. Estávamos sempre juntos, queríamos abrir essa empresa – lamenta Guilherme, irmão do jovem.

“Chocante e inacreditável”, diz professora

Uma das pessoas que conviveu com Gustavo Gargioni é a professora de fotografia da Unisinos Marina Chiapinotto. Ela conta que, além de bem humorado, ele era dedicado e talentoso:

– É chocante, inacreditável. Um guri tranquilo, batalhador, bom aluno. Ele era super dedicado, ótimo no que fazia.

Ex-colega na assessoria do Piratini, Alina Oliveira de Souza relata que o jovem queria estudar no Exterior e se tornar conhecido por fotografias de casamentos. Ela sentava ao lado dele e diz que o tratava como alguém de sua própria família:

– Convivíamos bastante e ele se tornou uma pessoa da minha família. O Gustavo era disposto, pró-ativo, solícito e se entregava de corpo e alma para o que fazia. Apesar de ser mais novo, ensinou muito pelo talento. Ele falava em empreender, trabalhar por conta, se dedicar mesmo à carreira de fotógrafo de casamentos. Nossa, era uma pessoa muito para cima.

Crime de ódio e vingança

Além de ser atingido por pelo menos dez tiros de pistola, Gargioni foi espancado brutalmente antes de morrer entre a noite de segunda-feira e a madrugada de terça em Canoas. De acordo com o delegado Marco Antônio Guns, que investiga o homicídio, as características do assassinato apontam para um crime passional, onde o ódio e a vingança são os elementos motivadores:

– Uma das nossas convicções é que, pelo intenso sofrimento que a vítima passou, não se trata de uma briga de bar. A experiência mostra que é uma agressividade característica de algum envolvimento amoroso. O corpo está nos dizendo isso. A linha que trabalhamos é que o homicídio tem a ver com raiva, um ódio muito grande, que via de regra vem do tráfico, o que não cabe nesse caso, ou da passionalidade – afirma Guns.

Segundo ele, o fotógrafo não foi ferido por armas brancas e tinha lesões de diversos “instrumentos contundentes”. Para chegar até os suspeitos, ainda não identificados, a polícia começou a ouvir testemunhas – mais de 20 até o momento – e fará a reconstituição dos últimos passos dele.

Gustavo Gargioni teria sido levado por homens armados quando saiu de uma academia de musculação no bairro Igara, na noite de segunda-feira. O corpo foi encontrado próximo à Praia de Paquetá e o telefone celular e documento de identificação haviam sido levados. Câmeras de segurança próximas à academia vão auxiliar nas investigações.

O velório de Gustavo teve início às 23h de terça-feira no Cemitério São Vicente, em Canoas. Nesta quarta-feira, às 16h, está previsto o enterro do jovem, que trabalhou na equipe de Comunicação Social do Palácio Piratini até o ano passado.

Fonte:  Zero Hora