Juiz nega pedido de afastamento dos promotores no caso da boate Kiss

Pedido partiu da defesa de Elissandro Spohr, um dos sócios da boate.
Juiz disse que não ficou provado que MP escondeu documentos.

juiz

 

A Justiça negou o pedido de afastamento dos dois promotores do caso da boate Kiss. Se acordo com o juiz Ulysses Louzada, responsável pelo processo, não ficou provado que o Ministério Público (MP) agiu com a intenção de esconder documentos durante a investigação policial sobre o incêndio de 27 de janeiro de 2013, que matou 242 pessoas.

O pedido de afastamento dos promotores foi feito pela defesa do réu Elissandro Sporh, o Kiko, um dos sócios da boate e um dos quatro réus no processo criminal sobre a tragédia.

A defesa de Spohr alegou que, dois dias depois do incêndio, a Polícia Civil solicitou ao MP as cópias de procedimentos envolvendo a Kiss e outras cinco pessoas ligadas ao estabelecimento. No mesmo dia, a promotoria encaminhou cópia do inquérito número 145, que investigava a poluição sonora produzida pela boate, mas não entregou outro inquérito, de número 180, que investigava a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade.

Segundo o promotor Maurício Trevisan, um dos dois que atuam no caso, o inquérito não foi entregue à polícia junto com os demais documentos porque tinha como investigada a Prefeitura de Santa Maria e não a Kiss, que é citada apenas como uma entre a lista de estabelecimentos que deveriam ser fiscalizados.

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia matou 242 pessoas, sendo a maioria por asfixia, e deixou mais de 630 feridos. O fogo teve início durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira e se espalhou rapidamente pela casa noturna, localizada na Rua dos Andradas, 1.925.

O local tinha capacidade para 691 pessoas, mas a suspeita é que mais de 800 estivessem no interior do estabelecimento. Os principais fatores que contribuíram para a tragédia, segundo a polícia, foram: o material empregado para isolamento acústico (espuma irregular), uso de sinalizador em ambiente fechado, saída única, indício de superlotação, falhas no extintor e exaustão de ar inadequada.

Ainda estão em andamento os processos criminais contra oito réus, sendo quatro por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, e os outros quatro por falso testemunho e fraude processual. Os trabalhos estão sendo conduzidos pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada. Sete bombeiros também estão respondendo pelo incêndio na Justiça Militar. O número inicial era oito, mas um deles fez acordo e deixou de ser réu.

Entre as pessoas que respondem por homicídio doloso, na modalidade de “dolo eventual”, estão os sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr (Kiko) e Mauro Hoffmann, além de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o funcionário Luciano Bonilha Leão. Os quatro chegaram a ser presos nos dias seguintes ao incêndio, mas a Justiça concedeu liberdade provisória a eles em maio de 2013.

Atualmente, o processo criminal ainda está em fase de instrução. Após ouvir mais de 100 pessoas arroladas como vítimas, a Justiça está em fase de recolher depoimentos das testemunhas. As testemunhas de acusação já foram ouvidas e agora são ouvidas as testemunhas de defesa. Os réus serão os últimos a falar. Quando essa fase for finalizada, Louzada deverá fazer a pronúncia, que é considerada uma etapa intermediária do processo.

No dia 5 de dezembro de 2014, o Ministério Público (MP) denunciou 43 pessoas por crimes como falsidade ideológica, fraude processual e falso testemunho. Essas  denúncias tiveram como base o inquérito policial que investigou a falsificação de assinaturas e outros documentos para permitir a abertura da boate junto à prefeitura.

Fonte: G1