Lágrimas de PMs expõem uma situação inédita a todos nós

Policiais choraram ao encontrar familiares quando saíam para fazer policiamento

POLICIAIS

Na manhã de segunda-feira, quando o efetivo da Brigada Militar cotado para fazer a segurança do desfile cívico deixava o quartel em Santa Maria, o encontro com os familiares, que protestam em frente ao local desde a última semana, gerou tanta comoção que uma policial desmaiou e vários outras caíram no choro.

Além do salário, a luta é por dignidade. Sentimento que, junto ao orgulho pelo papel social da polícia, foi substituído pela vergonha e humilhação. Em Santiago, servidores da Polícia Civil foram ao desfile com o rosto coberto.

– A nossa moral está lá embaixo. Estamos nos sentindo diminuídos. Não precisamos de doações, esmola, só queremos o nosso salário – reclama um policial militar que preferiu não ser identificado.

Sem receber os ordenados integralmente é a pressão das obrigações a cumprir frente ao comandante, à sociedade e à própria família que deixam brigadianos e outros servidores aquartelados. E a farda transparece uma fragilidade até então desconhecida.

– O policial é preparado para outro tipo de situação. É preparado para o enfrentamento com o delinquente. Minha preparação não era para enfrentar uma situação dessa ordem – diz o comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva, coronel Worney Mendonça.

Especialista alerta

O coordenador do Núcleo de Segurança Pública e Cidadania da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Eduardo Pazinato, pondera que a segurança pública e os seus profissionais merecem um cuidado mais responsável por parte das autoridades. Regularizar o pagamento é o primeiro passo. E olhando para o caso da Brigada Militar, Pazinato afirma que os comandantes também devem ajustar o discurso.

Falar à população e aos criminosos que não há policiamento ostensivo, como ocorreu na última quarta-feira,  não é uma boa estratégia, na opinião do especialista.

– Espero que não tenhamos essa situação novamente. Afirmamos naquele momento porque era a realidade. É lógico que não é o ideal – afirmou Worney.

Pazinato considera a atual situação inédita na história do Estado e do país. Segundo o especialista, o recado que chega aos criminosos é o mesmo de outros episódios: incentivo aos delitos. Nos cerca de 400 casos de greves e paralisações registrados historicamente em todo o país, em todos, houve aumento nos índices de roubos, no centro, e de homicídios, na periferia.

– Nunca se viu uma paralisação com tanta intensidade e dramaticidade, é um momento delicado – diz Pazinato

Fonte:DIÁRIO DE SANTA MARIA