Literatura| Professor escreve crônicas que registram a vida simples de Alegrete

Famosa por ser berço de artistas consagrados na literatura, Alegrete desperta mais um escritor.

Tiago Santos da Rosa nasceu em Alegrete, em 1978, criado na zona leste, movimentou-se entre vários bairros, como Santos Dumont, Promorar, Capão do Angico, lugares em que fez amigos. Morava no Ibirapuitã, em uma ruazinha de terra, em uma casa simples, com cinco cômodos, com sua avó, uma senhora negra e simpática, que tornou-se a matriarca da família.

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Também morava com seus pais e com duas tias e a irmã, é desses momentos que o escritor tira inspiração, da natureza, das brincadeiras com as outras crianças, no rio que dá nome ao bairro, em lagos, campos, pracinhas, quadras, bicicleta e, claro, o futebol. 

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Com o tempo, viu o crescimento da cidade, a urbanização, a perda dos espaços verdes, a chegada da universidade… Com isso, Tiago já não era o mesmo, terminou o Ensino Médio e adentrou ao curso de Licenciatura em Letras Português/Inglês, pela Universidade da Região da Campanha (URCAMP). Nesse período descobriu a pesquisa e publicou suas primeiras páginas, que também se tornaram livros. 

Tiago autografando suas obras

Em sua carreira como professor, lecionou no município de Alegrete e em escolas do Estado, até ingressar no concurso de professor efetivo no Instituto Federal Farroupilha (IFFar), localizado na mesma cidade, há 13 anos. Todas essas experiências proporcionaram uma visão plural sobre a educação, o que afetou sua maneira de escrever. Fez Mestrado em Ensino de Línguas e, atualmente, cursa o Doutorado em Letras, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), seu foco de estudo é a Literatura Afro-brasileira. 

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Em relação à Literatura, recorda que o primeiro contato foi com a leitura da bíblia, histórias infantis, mas logo as revistas em quadrinhos ganharam sua preferência, tanto que é leitor assíduo de gibis até hoje e tem uma vasta coleção. Na adolescência, adorava passear pelas bibliotecas das escolas da cidade, visitava o centro cultural e a Biblioteca Pública Mario Quintana. Além do mais, aprecia os eventos literários de Alegrete até hoje. 

Revistas em quadrinhos tão apreciadas pelo escritor

Todas as suas vivências fizeram com que o escritor formasse um estilo: gosta de escrever sobre assuntos nostálgicos, as experiências escolares, a cidade em que nasceu e cresceu. Quando questionado sobre o motivo de escrever, responde: “É uma forma de me desafiar”. Confessa que é uma forma de extravasar os sentimentos. O tipo de texto que Tiago mais gosta de escrever são crônicas, mas também aprecia o gênero conto, por isso mistura os dois e produz cronicontos. 

Sobre suas publicações comenta que em um evento conheceu um editor que lhe incentivou a publicar. Hoje já conta com três títulos: Contexto – meu pensamento e sua reflexão (2021); Contos da Cloroquina – histórias de fronteira (2021) e Livre contexto e um conto (2022). Tiago chama seus textos de literatura bairrista por falar muito da cidade.       

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MARIO GENARO OLIVEIRA

Bela trajetória de vida, e o Alegrete mantendo a tradição de grandes figuras no ambnito nacional e intenacional.

Jorge Newton de Souza Nunes

Sucesso ao escritor. Mas me parece (opinião absolutamente pessoal) que o título do Contos da Cloroquina não é muito adequado. Pende para o lado político. Mas é óbvio, cada qual é livre para escolher seu lado e tocar a vida.