
O garoto escondeu seis irmãos feridos em arbustos e cobriu eles com galhos para se protegerem.
Um dos garotos da família de mórmons que foi vítima de um massacre no México escapou dos assassinos caminhando por cerca de 22 quilômetros, durante seis horas, até conseguir ajuda. O menino escondeu seis irmãos feridos em arbustos e cobriu eles com galhos para se protegerem, de acordo com Kendra Lee Miller, parente da família. Ao chegar à comunidade onde vive, em La Mora, o garoto foi o primeiro a dar notícias do crime.

Miller publicou em uma rede social uma descrição do ocorrido e divulgou os nomes dos nove membros da família mortos no ataque. Sete crianças sobreviveram, e cinco delas foram transferidas para um hospital em Tucson, no Arizona, Estados Unidos (EUA).
Três mulheres e seis crianças foram assassinados na segunda-feira (4) por um grupo de homens armados. As vítimas eram membros da pequena comunidade mexicana de La Mora, em Sonora, próxima à fronteira com os EUA.
Além das vítimas fatais, outras seis crianças ficaram feridas, duas delas com gravidade, segundo o governo mexicano. Uma das crianças, uma bebê de três meses, foi encontrada com vida no colo de sua mãe, morta no ataque.
“Por 11 horas, familiares em Sonora, Chihuahua e no Meio-Oeste dos EUA esperaram com medo e horror por qualquer notícia sobre possíveis sobreviventes”, escreveu Miller.
“O primeiro veículo foi encontrado cheio de buracos de bala e completamente em chamas. Nita e quatro de seus sete filhos que ela levara na viagem foram queimados. Restaram apenas alguns ossos carbonizados para identificar todos os cinco que estavam dentro (do carro).”
Julián Lebarón, líder mórmon e ativista, afirma que seus familiares foram mortos por criminosos. Ele também afirmou não saber quem está por trás dos ataques.
Família era conhecida por cartéis da região
Evidências apontam para a teoria de que a família foi alvo deliberado do ataque, segundo uma autoridade dos EUA. A ideia é baseada na natureza do atentado, que se desenrolou como uma emboscada que continuou mesmo após mulheres e crianças fugirem dos carros. Houve também queima de evidências.
A autoridade informou ainda que a família era conhecida pelos cartéis da região, o que tornava possível que os criminosos soubessem que eles estavam viajando e conhecessem o modelo do carro que usavam.
De acordo com o governo mexicano, a organização criminosa Los Jaguares opera na região do ataque. Ele é um subgrupo do cartel de Sinaloa, que disputa o controle do território com outros grupos como La Línea e Jalisco Nueva Generación.
“O pior que pode haver é uma guerra”, diz López Obrador
O caso gerou reações no México, que registrou aumento nos casos de violência nas últimas semanas, e amplia a pressão para que o governo de Andrés Manuel López Obrador dê uma resposta mais efetiva na área da segurança.
Após o ataque aos carros dos mórmons, o governo mexicano enviou militares para a região, e o presidente americano, Donald Trump, que disse querer partir para o confronto, também ofereceu ajuda.
“Este é o momento para que o México, com ajuda dos EUA, declare guerra aos cartéis de droga e os apague da face da Terra. Esperamos apenas uma chamada de seu grande novo presidente” tuitou Trump.
Obrador, no entanto, discordou.
— Nisso, não concordamos, mas se respeita os que pensam assim. O pior que pode haver é uma guerra. Guerra é sinônimo de irracionalidade — disse, em entrevista coletiva.
O líder mexicano apontou que 75% das armas de alto calibre no México vêm dos EUA e pediu uma cooperação para reduzir esse fluxo de armamentos.
Fonte: Gaúcha/ZH