Mesmo com trégua em protestos, abastecimento deve demorar até cinco dias para ser normalizado

Entidades do setor varejista afirmam que algumas entregas ainda estão atrasadas ou chegam com qualidade comprometida

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Apesar da trégua nos protestos de caminhoneiros nas rodovias gaúchas, ainda vai levar uns dias para que os estoques sejam completamente normalizados no Estado. Entidades do setor varejista informaram que as entregas foram retomadas e até intensificadas nesta quarta-feira, mas, principalmente no ramo de hortifrutigranjeiros, alguns produtos chegaram ao destino com a qualidade comprometida, impedindo a reposição nas gôndolas.

A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) estima que sejam necessários pelo menos mais dois dias para normalização completa. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do RS (Sulpetro), Adão Oliveira, projeta que o abastecimento de postos de combustíveis demore ainda cinco ou seis dias para voltar ao normal.

– As distribuidoras reforçaram a entrega, mas não há estrutura suficiente para abastecer todos os postos ao mesmo tempo — explica Oliveira.

A chegada de combustível, principalmente em cidades menores, leva à formação de filas nos postos, secando novamente as bombas na sequência. Por isso, ainda levará tempo até que a oferta se equipare à demanda. A dificuldade maior, segundo Oliveira, é na região das Missões, norte do Estado e também no extremo Sul, partes mais afetadas pelos protestos.

Na Ceasa, em Porto Alegre, o abastecimento está garantido, segundo o diretor técnico e operacional, Gerson Madruga. O momento mais crítico foi durante as interrupções da BR-101, em Três Cachoeiras, mas os carregamentos do fim de semana normalizaram a situação.

— Temos garantia por mais uma semana, tanto de produtos do interior, como de fora do Estado e do país — afirma o diretor.

Os caminhoneiros prometeram pausa nos protestos até o dia 10 de março, quando o governo federal irá abrir uma mesa de diálogo para debater, prioritariamente, uma tabela referencial de frete para transportes rodoviários. Na tarde desta quarta-feira, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, recebeu 11 caminhoneiros autônomos da região Sul para ouvir as reivindicações e traçar linhas para a reunião do dia 10.

A exemplo do que ocorreu com as manifestações, lideranças sindicais da categoria dizem que vão ficar à margem das negociações em Brasília. Um dos líderes do movimento independente no Estado, Odi Antônio Vani, aposta na representatividade de Ivar Schmidt, líder do recém criado Comando Nacional dos Transportes, para defender os interesses da categoria. Schmidt é reconhecido como uma das referências na mobilização de protestos pelo país.

Fonte: Zero Hora