Nascido em Teófilo Otoni, cidade mineira, José é o vendedor ambulante mais conhecido de Alegrete. Atende por vários apelidos: Mineiro, Paraíba, Baiano entre outros. Mas o preferido é Mineiro-paraíba.
Foi assim que topou uma entrevista para o Portal Alegrete Tudo. De fala mansa e avesso a popularidade, Mineiro conhece “todo mundo”.
Diariamente, tem uma banca móvel de mercadorias no meio da praça central. Ali, chama todos de gaúcho.
O carismático vendedor, com sotaque baiano, chegou em Alegrete no ano de 2004. Em 2012, foi candidato a vereador, isso mesmo. Mineiro-paraíba concorreu, pediu votos para aqueles que não tinham candidato. Agradeceu até quem não votaria nele. Prometeu sinceridade e honestidade é sua marca registrada.
Se tivesse sido eleito iria comprar uma casa, porque acha o salário de um vereador bom. Hoje, mora num quarto em um hotel no centro da cidade. Lá revela mais uma atividade, que aprendeu na escola da vida, como prefere dizer.
É um técnico de mão cheia e conserta celulares dia e noite. A cama de solteiro divide espaço com diversas mercadorias, baterias e mais de cem aparelhos empilhados em cima de uma mesa.
Diz que é autodidata, aprendeu tudo na internet, mexendo. Arruma mais de trinta celulares por mês. “Podia ganhar mais dinheiro, montando um negócio pra mim, mas sem condições vou me virando do jeito que dá”, explica em meio a um conserto de um aparelho.
Conhece o Rio Grande de canto a canto. Sua profissão era artesão, mas a crise chegou e o Mineiro teve de se reciclar. A produção esgotou e ele foi se virando com outras atividades. Casado com uma alegretense, Mineiro revela que seu nome é José, tem 40 anos e estudou até a 5ª série. “Aprendi muita coisa na rua, quando não entendia ia pesquisar na internet”, confessa o Paraíba.
Com conhecimentos em informática, formata, baixa filmes e diz que aprendeu tudo na marra. Dia de chuva ele vende guarda-chuva na esquina do calçadão. Dias bons vai para o meio da praça Getúlio Vargas.
Figura conhecida, puxa um bom papo com todos que ali passam. Sempre tem uma promoção, revela ao cliente que se aproxima. Na Copa do Mundo vendeu mais bandeiras e cornetas que muitos lojistas. No mês de outubro vende brinquedos, sempre com uma novidade no mercado.
Gosta de música erudita, mas é aberto a outros estilos. Indagado por que está em Alegrete, diz que a cidade lhe escolheu e por isso, mora aqui.
Atualmente possui um funcionário, não consegue dar conta do recado sozinho. No final da entrevista falou de política, da crise e elogiou a cidade.
“As pessoas só sabem reclamar, não pensam em solucionar”, debate o mineiro paraíba que adotou a cidade de Alegrete.
Por: Júlio Cesar Santos