O último tropear: Bertino Lopes, o Savico, encerra sua jornada aos 104 anos

No tropear da vida, onde cada jornada era marcada pela força e pelo espírito inquebrantável de um homem que fez do campo o seu lar, Alegrete se despede de Bertino Lopes, carinhosamente conhecido como Savico.

Aos 104 anos, este ícone da cultura tropeira e da lida rural deixa para trás uma história rica em simplicidade e sabedoria, construída desde os tempos em que, ainda menino, já conhecia o caminho das estradas e o peso da lida no campo.

Ele faleceu no dia 20 de agosto de 2024, em Alegrete. Savico pode ser um dos homens mais velhos da cidade. Em 2021, o PAT realizou uma reportagem com ele, por meio de seu filho Bertino de Souza Lopes, conhecido como Fuca, na qual foi possível conhecer um pouco mais da trajetória desse centenário que encantava a todos com sua energia e jovialidade.

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Nascido em Cambará, na divisa entre Quaraí e Uruguaiana, Savico começou a trabalhar ainda muito jovem, aos 9 anos, sempre na lida rural. Ao longo de sua vida, ele desempenhou diversas funções, incluindo alambrador, tropeiro e capataz de estância. Cerca de 55 anos atrás, ele se estabeleceu em Alegrete, onde construiu sua casa na Rua dos Andradas. Embora tenha fixado residência na cidade, Savico continuou com sua rotina no campo, retornando a cada 15 dias, e às vezes, semanalmente, até sua aposentadoria, quando finalmente se mudou definitivamente para a área urbana.

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Mesmo com uma idade avançada, Savico mantinha uma saúde invejável e não abria mão de seus pequenos prazeres, como apreciar uma cervejinha à noite. Seu filho Fuca conta que ele costumava beber por volta das 23h e acordar sem uma rotina rígida, geralmente por volta das 8h30. A alimentação do centenário era variada, e ele sempre manteve um bom apetite.

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Casado com Rosa de Souza Lopes, Savico teve dois filhos: Bertino de Souza Lopes, o Fuca, e Antônio Augusto de Souza Lopes, conhecido como Guto. Ele também era avô e bisavô. Fuca relata com carinho que seu pai se casou “maduro”, aos 41 anos.

Quando à época perguntado sobre o segredo de sua longevidade, Savico não hesitou em responder que para viver bem e com saúde o importante era a harmonia consigo mesmo, fazer amigos, distribuir afeto, confiança e respeito, além de sempre lembrar da proteção divina.

Savico foi um exemplo de vida, alcançando o centenário com disposição, saúde e alegria. Seu legado e suas histórias permanecerão vivas na memória daqueles que o conheceram e aprenderam com sua sabedoria e experiência.

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