Campanha gerou revolta nas redes sociais e alguns usuários cogitam que a iniciativa pode ser um viral publicitário para conscientização sobre a causa
Pedindo “o fim dos privilégios para deficientes”, a página do “Movimento Pela Reforma de Direitos” se tornou o alvo de denúncias e indignação nesta segunda-feira. Ainda não há informações sobre a origem da campanha ou se a fan page faz parte de um viral publicitário, como alguns usuários cogitam.
Nas postagens, a iniciativa divulga uma petição endereçada ao governo federal que sugere a redução de vagas em estacionamentos para deficientes físicos, fim das cotas em empresas e concursos públicos, término da isenção de impostos na compra de automóveis e de gratuidades previstas em lei para pessoas com deficiência.
No começo da tarde desta segunda-feira, 29 pessoas haviam aderido ao baixo-assinado e 320 curtido a página . Nos comentários dos posts, usuários demonstram indignação pedindo para que o site exclua a comunidade.
Por meio de mensagens privadas no Facebook, o administrador, que não quis se identificar, não esclareceu detalhes sobre a causa e justificou a criação da página:
“Queremos mudar a legislação e trazer mais justiça para todos.
Acreditamos que todo mundo nasce com os mesmos direitos. Inclusive nós, pessoas normais. Eu não tenho culpa de nascer normal, sem nenhuma deficiência. Você também não. Então, por que somos castigados por essa legislação? A página já está sendo denunciada em massa. Não sabemos exatamente qual será o posicionamento do facebook. Estamos torcendo para que ele mantenha a nossa página pois não estamos disseminando discurso de ódio. Queremos apenas rever alguns direitos.
E Infelizmente não estamos dando conta da demanda de responder todo mundo e estamos concentrando nossos esforços em estruturar as mudanças das leis de direitos de pessoas com deficiência que será enviada para a Assembléia analisar.”
Na manhã de segunda-feira, o portal da rádio Banda B, de Curitiba, divulgou as primeiras imagens de um outdoor do movimento que carrega a frase “Pelo Fim dos privilégios para deficientes” e o endereço da página no Facebook. O repórter da emissora Luiz Henrique de Oliveira relata a ZH que ouvintes fizeram o alerta sobre a mensagem exposta no bairro Vista Alegre e o diretor-executivo da emissora foi até o local confirmar.
O advogado Geraldo Nogueira, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB do Rio de Janeiro, vê o movimento como preocupante, mas acredita que a iniciativa deve ser rejeitada pela própria sociedade. O especialista avalia que uma ação judicial pode pedir a remoção da página por estimular ou incitar ódio a um segmento social.
— Nos causa espanto que alguém se preocupe com direitos que servem para igualar grupos que estão em desvantagem social. Qualquer insituição poderia entrar com uma ação civil pública e até mesmo o Ministério Público teria a competência legal para entrar com uma medida para bloquear essa página. Se há um incetivo claro de discriminação, a pessoa responsável pode responder por crime de injúria — interpreta o advogado.
Fonte: Diário de Santa Maria