Plasma sanguíneo de pacientes recuperados é usado para tratar Covid-19 em Porto Alegre

Apesar de ainda ser experimental, terapia apresenta melhoras no tempo de internação clínica dos pacientes. Técnica já foi utilizada contra a gripe espanhola e vírus ebola.

 

Mais um hospital do Rio Grande do Sul está apto a oferecer a terapia com plasma sanguíneo de pessoas já recuperadas do coronavírus. Em Porto Alegre, o Hospital Moinhos de Vento passa a usar esse tratamento com pacientes infectados pela doença.

A terapia consiste na transfusão do plasma de uma pessoa que já foi infectada e está curada para um paciente que ainda está em tratamento da Covid-19. Segundo as pesquisas, o método não é recomendado para todos que testam positivo.

“A gente está aprendendo a lidar com o coronavírus. Existem critérios definidos que sejam pacientes graves. Grave o suficiente para precisar de oxigênio, mas que ainda consigam respirar sem uso de aparelhos”, explica o médico Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da UFRGS.

A utilização de plasma sanguíneo convalescente de pessoas recuperadas é uma alternativa que tem como princípio a imunização passiva. É esperado que os anticorpos produzidos por alguém que já foi infectado pelo vírus, e que estão presentes na parte líquida do sangue, forneçam imunidade aos pacientes que estejam enfrentando a doença.

Quando um corpo vence uma infecção, os anticorpos “aprendem” a defender, e o paciente fica imune à doença. Esse tipo de tratamento não é novo. Há mais de 100 anos foi usado contra a gripe espanhola, e mais recentemente pelas epidemias dos vírus ebola e H1N1.

De acordo com Alexandre Zavascki, as pesquisas indicam que o paciente que recebe o plasma tem uma taxa de recuperação mais rápida e um índice menor de mortalidade.

“No dia a dia, nós observamos melhoras nos marcadores inflamatórios, nos linfócitos, quando eles vão subindo, e na taxa de oxigenação do sangue”, pontua.

Na Serra, o Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul, também já iniciou o tratamento em pacientes da instituição. Um homem, de 63 anos, recebeu a transfusão do plasma há mais de 15 dias.

“Não posso atribuir totalmente a melhora dele ao uso do plasma, mas pode-se dizer que três dias após o uso do plasma, ele apresentou uma melhora na ventilação. Com isso nós diminuímos os sedativos desse paciente, ele foi despertando lentamente nos últimos dias e ontem [terça-feira (9)], ele conseguiu interagir com a família, acenou para o filho” lembra a a médica intensivista Eveline Gremelmaier.

Doação de plasma

O Hospital Moinhos de Vento não faz coleta de plasma, usa material fornecido por laboratórios. Já em Caxias do Sul, a coleta é feita no Hemocentro desde maio.

São colhidos 500 ml e o plasma vai passar por alguns exames antes de ser liberado para uso, podendo ser armazenado por até um ano. O recomendado é que o doador esteja há mais de 28 dias recuperado, sem sintomas da doença e não ter outras doenças transmissíveis.

Segundo o Hemocentro de Caxias do Sul, 36 pessoas já se candidataram para serem doadores de plasma, mas quatro doações foram efetivamente feitas.

Fonte: G1