Polícia vai investigar acidentes que deixaram seis mortos na Região Central

A última vítima foi Felipe Lemos da Silva, motorista do ônibus que colidiu com uma caminhonete na BR-392

acidentes em Santa Maria
A Delegacia de Trânsito de Santa Maria abriu inquéritos para investigar quatro acidentes que resultaram em mortes na cidade entre o último sábado e ontem. Além dos que perderam a vida do Coração do Rio Grande, outras duas pessoas morreram em dois acidentes na Região Central. Os casos também serão investigados.
A última vítima da série de acidentes do final de semana foi Felipe Lemos da Silva, 31 anos. Na manhã de segunda-feira, o motorista conduzia um ônibus da empresa Planalto que fazia a linha São Sepé-Santa Maria, quando, por volta das 6h30min, saiu da pista, após uma colisão com uma caminhonete que carregava pães e trafegava no sentido oposto. O choque aconteceu na altura do km 332,3 da BR-392, localidade do Arenal, em Santa Maria. O coletivo ainda deslizou pela grama existente no barranco na beira da rodovia por cerca de 200 metros. Após, caiu em uma vala de pouco mais de um metro de altura e parou em um aterro que dá acesso a uma propriedade rural. Silva morreu no local.
Outras 30 pessoas, entre elas o condutor da caminhonete, Anderson Bortoluzzi da Rosa, ficaram feridas sem gravidade e foram atendidas por ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Unimed e dos bombeiros. Elas foram encaminhadas para hospitais de Santa Maria e de São Sepé.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) fez levantamento no local, e a Polícia Civil vai investigar o caso. O delegado de Trânsito César Renan Rodrigues dos Santos disse que vai esperar o laudo da perícia, mas fez uma análise preliminar no local do acidente:
_ Pelos indícios deixados pelos pneus, no asfalto, o ônibus vinha na sua pista de rolamento e teria tentado desviar da caminhonete, que teria invadido a pista contrária.
Passageiros do ônibus disseram à Polícia Rodoviária Federal (PRF) que havia cerração em São Sepé quando o ônibus saiu da cidade. Mas, conforme os agentes, que chegaram cerca de 10 minutos após a colisão no local, não havia cerração no trecho, e a sinalização da pista no local é boa.
Ainda conforme a PRF, o motorista da caminhonete confirmou que não havia cerração e afirmou que o ônibus é que teria invadido a pista contrária, em que ele trafegava.
O trânsito ficou totalmente interrompido por cerca de duas horas e meia no local do acidente.
“Fiquei com muito medo”, conta Tuane Padilha, 20 anos, sobrevivente do acidente na BR-392
Acostumada a viajar em todos os finais de semana de sua cidade natal, São Sepé, para Santa Maria, Tuane Padilha, 20 anos, levou um susto na manhã de ontem. A estudante do 7º semestre da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma) conta que saiu da cidade vizinha às 6h, sentou na poltrona 32 do ônibus e tentou dormir. Logo em seguida, a jovem foi sacudida por uma queda e ouviu estrondos. Abaixo, confira relatos da sobrevivente:
Diário de Santa Maria _ Como estava sendo a viagem?
Tuane Padilha _ O ônibus estava bem lotado. Não cheguei a sentir se o motorista ia rápido. Acho que não, até porque, tinha neblina naquele horário e estava bem escuro.
Diário _ Quando percebeu que era um acidente?
Tuane _ Estava tentando dormir. Só sentimos a hora do impacto e vimos que os vidros quebraram. Depois, teve outro impacto, que foi quando caímos no barranco. Mas, primeiro, só achei que o ônibus tinha caído no barranco. Não tinha entendido direito o que tinha acontecido.
Diário _ E depois? O que aconteceu?
Tuane _ Com os choques, as pessoas foram caindo umas por cima das outras. Fiquei com muito medo. Não sabia como reagir. Quando tudo parou, apareceram uns guris e abriram a saída de emergência no teto do ônibus. Alguns deles saíram, e os que ficaram no ônibus ajudavam as pessoas. Os que estavam no fundo empurravam os da frente, e os do lado de fora seguravam a gente porque era bem alto para sair. Ajudei uma guria que estava na minha frente e ela me ajudou.
Diário _ Você se machucou?
Tuane _ Bati a cabeça e estou com dor nas costas.
Diário _ E como foi depois de conseguir sair do ônibus?
Tuane _ A gente saía e tentava levantar do barranco para ver se as pessoas em volta estavam bem. Teve gente que saiu por uma das janelas. Foi tudo bem nervoso porque estava bem escuro na hora. Ficamos preocupados porque não sabíamos direito a dimensão do que tinha acontecido. Tinha gente chorando, procurando familiares e amigos. Quando as pessoas saíam e viam que estava machucadas, ensanguentadas, ficavam apavoradas. Quem estava psicologicamente melhor, ajudava. Mas o pessoal se ajudou bastante.
Fonte: Diário de Santa Maria