
Durante a pandemia, 19 apenados foram vítimas do coronavírus. Dois servidores da segurança prisional também morreram. Estado fica atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro
Ao longo da pandemia, 200 apenados morreram, no Brasil, em decorrência da Covid-19. O levantamento foi feito pelo G1, a partir de dados até o dia 10 de maio, com todas as unidades da federação para o projeto Monitor da Violência.
Com 19 vítimas, o Rio Grande do Sul é o terceiro estado com mais mortes de detentos pela doença, atrás apenas de São Paulo (52) e Rio de Janeiro (21). Na apuração anterior, o G1 recebeu a comunicação de 17 vítimas, mas a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) confirmou, nesta sexta (21), mais dois presos mortos pelo coronavírus. Além disso, dois servidores também morreram.
O número é mais impactante porque o RS, embora tenha a quarta maior população carcerária, com 40,6 mil pessoas, registrou mais vítimas do que Minas Gerais. O estado de MG, que tem 62,3 mil presos em seu sistema, registrou 13 mortes, mesmo número do Paraná.
Para a Susepe, o número absoluto deve ser relativizado com o total da população carcerária do estado. (Leia a nota na íntegra no fim da reportagem)
“Lamentamos todas as mortes de presos e servidores do sistema prisional, assim como qualquer pessoa”, diz a Susepe, em nota.
“Desde o inicio da pandemia, a superintendência vem obedecendo todos os protocolos sanitários estabelecidos do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde. Em um cenário de mais de 41 mil pessoas privadas de liberdade custodiadas pelo estado do Rio Grande do Sul, temos um percentual de 0,00046% de óbitos no sistema prisional gaúcho. Considerando a população do Brasil e a população total do estado, tem um percentual de 0,0021% e 0,0023%, respectivamente”, completa.
O RS registrou ainda 3.777 pessoas privadas de liberdade com Covid-19. Ou seja, 9,3% da população carcerária total, o que está acima da média nacional, que foi de 8,3%.
Além disso, a taxa por 1 mil mortos por Covid-19 também ficou acima da média nacional: 0,4 no RS e 0,3 no Brasil.
O total de servidores infectados foi 780, o que coloca o RS fora dos 10 estados com maior contágio entre os trabalhadores do sistema prisional.
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Vacinação
A população privada de liberdade faz parte do grupo prioritário do Plano Nacional de Imunização, que corresponde a 5,2 milhões de pessoas no RS. No entanto, a imunização dessas pessoas é incipiente, já que apenas 777 presos tomaram a primeira dose da vacina, dos quais 75 receberam ambas as doses.
Entre os trabalhadores do sistema carcerário, o quadro muda um pouco. Já são 3.481 vacinados ao menos com uma dose e 594 com as duas, conforme a Secretaria Estadual da Saúde.
A Susepe acredita que a vacinação deste grupo possa atenuar os problemas. Segundo a superintendência, enquanto não ocorre a imunização de todas as pessoas do sistema prisional gaúcho, segue com a manutenção rigorosa dos protocolos de prevenção contra a propagação do coronavírus.
“Vale referir que foram vacinados 78% dos servidores penitenciários e mais todos os presos com mais de 60 anos. Atualmente, as pessoas privadas de liberdade que se enquadram nas comorbidades apontadas pelo Plano Nacional de Imunização estão sendo vacinadas, o que alcançará mais de 5 mil presos”, acrescenta.
Nesta semana, a Seapen tinha registrado 157 pessoas com diagnósticos positivos em prisões gaúchas, que estavam em acompanhamento médico. Outros 69 suspeitos aguardavam o resultado dos testes.
A penitenciária com mais casos era o Presídio Estadual de Alegrete, na Fronteira Oeste, com 61 casos confirmados e 14 suspeitas da doença até segunda (17).
A seguir vinham a Penitenciária Modulada Estadual de Osório, no Litoral Norte, com 22 confirmados e um suspeito, e o Presídio Estadual de Santa Vitória do Palmar, no Sul do estado, com 19 diagnósticos positivos.
Nota da Susepe
A covid-19 é a maior pandemia da história recente da humanidade causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), desde o inicio da pandemia a Superintendência vem obedecendo todos os protocolos sanitários estabelecidos do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde.
Num cenário de mais de 41.000 pessoas privadas de liberdade custodiadas pelo estado do Rio Grande do Sul, temos um percentual de 0,0046% de óbitos no sistema prisional gaúcho, considerando a população do Brasil e a população total do estado do Rio Grande do Sul, os quais tem um percentual de 0,0021% e 0,0023% respectivamente.
Vale referir que foram vacinados 78% dos servidores penitenciários e mais todos os presos com mais de 60 anos, obedecendo aos critérios dos grupos prioritários de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19. Atualmente as pessoas privadas de liberdade que se enquadram nas comorbidades apontadas pelo plano nacional de imunização estão sendo vacinadas , o que alcançará mais de 5.000 (cinco mil) presos .
Lamentamos todas as mortes de presos e servidores do sistema prisional, assim como qualquer pessoa. Contudo a disponibilidade de vacina é de suma importância, para reduzir o número de pessoas com sintomas, internações de casos graves e óbitos pela Covid-19, em toda a sociedade.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários, através da iniciativa da SEAPEN, já apresentou pedido à CONSEJE solicitando a vacinação contra o COVID-19 para toda a população prisional do Estado, sendo esta aprovada por esse conselho e encaminhada ao Ministério da Saúde, a qual cabe a decisão das prioridades na imunização contra a covid-19.
Outrossim, a inclusão dos servidores no cronograma de vacinação no grupo da segurança pública foi um esforço em conjunto entre a SEAPEN, Secretária de Saúde, bem como do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Por fim, enquanto não ocorre a imunização de todas as pessoas do sistema prisional gaúcho, seguimos com a manutenção rigorosa dos protocolos de prevenção contra a propagação do coronavírus (SARS-CoV-2).
Fonte: G1