
Seja no almoço, seja na janta, ao menos, um pedaço de carne tem que ter. Mas para que seja possível comprar esse alimento no mercado constantemente, é preciso que 66,5 bilhões de frangos, 1,48 bilhões de porcos e 304 milhões de bovinos sejam abatidos por ano. Os números são dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU).
Em razão da elevada demanda de carne nos mercados, a pegada de emissões no mundo – cálculo que representa o volume total de gases de efeito estufa (GEE) gerados pelas atividades econômicas e cotidianas dos seres humanos – marca de 10% a 12% dos gases do efeito estufa gerados globalmente.
De acordo com os cientistas, é estimado que os humanos começaram a comer carne há mais de 2 milhões de anos. Mas, consumi-la da forma cozida, há cerca de 500 mil anos. Biólogos evolucionistas da Universidade de Harvard, em um estudo, constataram que a carne foi uma opção mais rápida para a absorção de nutrientes em comparação com as raízes e tubérculos crus.
Todavia, a forma como comemos e produzimos carne, nos dias de hoje, tem evidenciado que o hábito está se tornando insustentável. Segundo o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, para a produção de um quilo de carne bovina, em média, são liberados 2 kg de metano e 50 kg de dióxido de carbono. Ademais, é importante reiterar que em torno de 63% da área desmatada da Amazônia está sendo utilizada para a criação de gado, apontam os dados Atlas de Carne 2021.
Mas o que muda se a gente parar de comer carne? Para responder a essa pergunta e entender o efeito da produção de carne no planeta, ECOA – plataforma de jornalismo do portal UOL dedicado a produzir conteúdos que visam a construção de um mundo melhor – reuniu dados e conversou com especialistas em saúde e meio ambiente. A nutróloga Valéria Goulart destacou os benefícios que a ausência ou redução de carne na dieta pode trazer ao organismo. Segundo ela, se a mudança de hábito ocorrer de forma saudável, pode haver a diminuição do risco de doenças cardiovasculares.
Além disso, Valéria salienta que consumir menos gordura da carne pode melhorar a saúde da pele, reduzindo a oleosidade e, consequentemente, as acnes. Por fim, a nutróloga aponta implicações positivas que o não consumo de
carne pode trazer para a microflora intestinal, reiterando que inchaço e gases podem se tornar menos recorrentes.
A doutora em ciência ambiental, Elias-Piera, da Universidade Autònoma de Barcelona, afirma que a sociedade precisa repensar o consumo de carne. Ela alerta que é preciso reduzir o consumo em pelo menos 50% e recomenda o uso de uma calculadora que quantifica os recursos usados para a produção de carne. A partir dos dados da calculadora, a doutora em ciência ambiental explica que para uma pessoa que come carne bovina todos os dias em duas refeições, a quantidade de terra utilizada para produção de gado no ano será de 20.185,3 m2. Também, Elias-Piera complementa que o consumo de água fica em 952.952 litros, quantidade que poderia ser usufruída por 870 pessoas no período de 365 dias.
João Baptista Favero Marques
excelente reportagem, com uma base de dados muito importante. É necessário esclarecer quanto custa e como é feita a produção agricola em Alegrete