
Este é um tempo para lembrar que, por mais profunda que seja a dor, ela não precisa ser enfrentada sozinha. Cada gesto de empatia, cada palavra de apoio, pode ser um raio de luz que penetra a escuridão, mostrando que há esperança, mesmo nos momentos mais difíceis. Setembro nos convida a olhar além das aparências, a cuidar daqueles ao nosso redor e a entender que a vida, com todas as suas dificuldades, merece ser vivida e compartilhada.
O Posto de Atendimento ao Trabalhador compartilha o relato de uma pessoa que tentou tirar a própria vida e está em tratamento há mais de um ano. Ela, que preferiu não ser identificada, destaca que comentários maldosos em publicações sobre o tema podem levar pessoas ao suicídio. “Muitas vezes, não é que a pessoa queira tirar a vida, mas ela está fragilizada, e palavras maldosas podem, sim, ser um gatilho”, comentou. A jovem, mãe de três meninas e um menino, casada com um homem que descreve como o “anjo da sua vida”, confessa que a luta é diária, comparando-a com a frequência em grupos como o AA (Alcoólicos Anônimos) ou qualquer outro centro de recuperação, onde cada dia é vivido de forma única.
Moto e Gol se envolvem em acidente na Avenida Assis Brasil
O principal motivo que a levou a compartilhar sua história foi deixar uma mensagem para todos que enfrentam essa doença silenciosa: que jamais desistam e que, enquanto houver fé, há esperança. A igreja também tem sido um ponto de apoio importante para ela. Ao longo de três décadas, ela enfrentou muitas perdas, traumas e situações que busca superar com o auxílio de psiquiatras, psicólogos e terapeutas, além do apoio incondicional da família e do marido.
A depressão é uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo, trazendo consigo uma intensidade avassaladora de dor e sofrimento, muitas vezes incompreendida por aqueles que não a vivenciam. Apesar de sua prevalência, a depressão continua sendo uma das condições mais mal interpretadas, com pessoas ao redor do doente frequentemente questionando a razão de tanto sofrimento, especialmente quando aparentemente tudo está bem na vida do indivíduo.
Ao relatar sua experiência, a jovem destaca o quanto a doença pode corroer a força de vontade e a alegria de viver. “Só quem passa por isso compreende essa doença, que vai corroendo o peito até acabar com as forças”, disse, explicando que a depressão não é causada por problemas familiares ou conjugais, mas sim por histórias passadas de sofrimento, perdas e traumas que ainda a assombram.
Ela compartilhou como a perda do irmão, quando tinha apenas 15 anos e ele 8, marcou profundamente sua vida, gerando sentimentos de culpa e dor que ainda a acompanham. Esse episódio é um dos muitos que alimentam a sua depressão, fazendo-a sentir-se incapaz e sem vontade de seguir em frente.
A mulher relatou como a depressão faz com que se sinta desconectada do mundo ao seu redor, mesmo amando profundamente sua família e apreciando os momentos de felicidade que já viveu. Apesar desse amor, ela enfrenta uma batalha interna constante, questionando se tem a força necessária para continuar lutando contra a doença. “Será que minha família merece uma pessoa inútil, sem serventia para nada?”, perguntou, expressando a desesperança que frequentemente acompanha a depressão.
Ela também falou sobre a importância do apoio familiar, mas ressaltou que a depressão é uma luta que muitos enfrentam sozinhos, sem conseguir explicar ou compartilhar o que realmente estão sentindo. “Não quero psicóloga porque não saberia explicar o que sinto”, afirmou, mostrando a dificuldade em verbalizar a complexidade das emoções que a depressão traz.
Apesar de toda a dor, ela deixou claro que não culpa a família por sua condição e que, se algo acontecesse, não seria por falta de amor ou apoio deles. Em suas palavras, “Eu sou feliz, mas essa doença está acabando comigo aos poucos.”
Este relato pessoal ilustra a dura realidade enfrentada por muitas pessoas que sofrem de depressão. É um lembrete de que, por trás de cada sorriso e cada momento de alegria, pode haver uma luta silenciosa e dolorosa, invisível aos olhos dos outros. A compreensão e o apoio são essenciais, mas é preciso reconhecer que a depressão é uma doença séria, que requer tratamento e cuidado constantes, mesmo quando as palavras para descrever o que se sente parecem faltar.
A depressão não é uma questão de fraqueza ou falta de vontade de viver. É uma condição que demanda compreensão e empatia, tanto de quem sofre quanto de quem está ao redor. É uma luta diária que não deve ser enfrentada sozinha.
Ao final, ela compartilhou uma mensagem do terapeuta e pastor:
“A depressão é algo que todos nós estamos propensos a enfrentar, e sabemos o quanto é difícil. Mas eu sempre digo: se há vida, há esperança. Não é fácil, mas como já fomos felizes um dia, podemos ser felizes novamente. Nem sempre estaremos bem, e está tudo bem não estar bem. Isso mostra que, se um dia estávamos bem, podemos ficar bem novamente, com fé em Deus, em nosso Senhor Jesus, e em nós mesmos. O suicídio às vezes parece ser a única saída, mas sem dúvida, sempre há outra saída. No suicídio, ‘acaba a dor’ de quem o comete, mas e as pessoas que tanto amamos? Ninguém quer perder um ente querido. Imagine a dor de uma mãe, de um esposo, filhos, amigos ou outros entes queridos.
Quando perdemos um ente querido, a dor é imensa, mas acredito que esse ente, se ainda estivesse entre nós, gostaria de nos ver bem e felizes. Sabemos que nem sempre conseguimos ser felizes o tempo todo, e está tudo bem. O importante é tentar e pedir ajuda. Não importa quantas vezes caímos, mas sim quantas vezes nos levantamos e aprendemos com as quedas. Não é fácil, mas é bom saber que não estamos sozinhos. Com a morte pelo suicídio, não morre apenas uma pessoa; às vezes, quem está vivo também ‘morre’ junto. A vida perde o sentido, e a pessoa não quer se matar, ela quer se livrar de uma dor. Dor essa que só ela conhece. No entanto, com o tempo e ajuda terapêutica, a pessoa pode aprender a lidar com a dor e a viver de forma mais leve. Lembrando que não é fácil, mas se há vida, há esperança.”
Setembro Amarelo é um lembrete para todos nós: a vida, mesmo com suas dificuldades, merece ser vivida e compartilhada. A luta contra a depressão e o suicídio é um compromisso coletivo, onde cada gesto de empatia pode salvar uma vida. “Se eu conseguir ajudar uma pessoa, minha missão será mais completa, e vou me sentir melhor”, concluiu.