Substância usada em ataques em Porto Alegre é ácido sulfúrico, conclui IGP

Resultado foi divulgado na tarde desta quinta-feira (27). Cinco pessoas registraram ocorrência policial, e investigadores trabalham para tentar identificar suspeito.

A substância usada em ataques na Zona Sul de Porto Alegre é ácido sulfúrico, conforme confirmou o laudo do Instituto Geral de Perícias, divulgado nesta quinta-feira (27). A Polícia Civil ainda tenta identificar o autor.

Cinco pessoas registraram ocorrência policial relatando os ataques – quatro mulheres e um adolescente de 17 anos, que já prestaram depoimento. O G1 conversou com quatro delas. Confira todos os relatos.

“O problema é a qualidade do produto, como o álcool. Quanto mais puro, mais forte o efeito”, destaca o delegado Luciano Coelho, um dos responsáveis pela investigação do caso.

Diretor do Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP, Daniel Scolmeister explica que existe um controle realizado pela Polícia Federal sobre o produto, mas que qualquer pessoa consegue ter acesso porque é facilmente comprado pela internet ou encontrado em equipamentos que usam o líquido para funcionamento.

“Quando entra em contato, a primeira coisa que ele causa é o alto poder de desidratação. Depois, acontece o processo de carbonização, deixando uma coloração amarronzada, que pode até necrosar”, acrescenta.

Bruna estava perto de casa quando foi atacada por um homem — Foto: Arquivo pessoal

Bruna estava perto de casa quando foi atacada por um homem — Foto: Arquivo pessoal

O ácido sulfúrico é usado em aplicações industriais, como na fabricação de fertilizantes e no refino de petróleo. É forte, corrosivo e pode provocar queimaduras graves, como aconteceu com algumas das vítimas.

Em caso de contato com o produto, o diretor orienta que o local deve ser lavado com água, por cerca de 10 a 15 minutos. Se a roupa for atingida, ela deve ser retirada rapidamente.

Para chegar ao resultado, o IPG fez análise em cinco peças de roupas das vítimas. “Todas estavam com a mesma substância”, afirma Daniel.

“Os métodos de análise dessas substâncias são relativamente simples, não requer equipamentos sofisticados, tanto que a gente conseguiu fazer a análise rapidamente”, explica o perito criminal do Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP Marcos José Souza Carpes. Ele já havia informado ao G1 que a substância usada era “bem comum”.

Ataques entre 19 e 21 de junho

O primeiro ataque aconteceu no fim da noite de quarta-feira (19), quando um homem de bicicleta jogou o líquido no rosto de uma mulher, na Rua Santa Flora, bairro Nonoai.

Na sexta-feira (21), em menos de uma hora, foram registrados quatro ataques de carro – dois no local do primeiro ataque e os demais, no bairro Aberta dos Morros.

A investigação aponta tratar-se de um homem com idade aparente de 25 anos, e que usou um carro HB20 branco.

Imagens de câmeras de segurança flagraram um carro branco no local dos ataques. — Foto: Reprodução/RBS TV

Imagens de câmeras de segurança flagraram um carro branco no local dos ataques. — Foto: Reprodução/RBS TV

Fonte: G1