Terceiro melhor do mundo aos 16 anos, Orlandinho rejeita ser chamado de novo Guga

Só em março deste ano, jovem conquistou três títulos seguidos, entre eles o Banana Bowl, derrubando um tabu nacional que datava de 1981

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Sempre que alguém se refere ele, define o adolescente gaúcho de 1m81cm como uma das maiores apostas do tênis brasileiro ou até como o novo Guga Kuerten. Pudera: só em março deste ano conquistou três títulos seguidos, entre eles o Banana Bowl, derrubando um tabu nacional que datava de 1981, e meses depois, em 6 de julho, venceu o torneio juvenil de duplas do tradicional Grand Slam de Wimbledon, em Londres. O dono deste currículo reconhece a pressão que carrega sobre os ombros, mas resiste a comparações.
O tenista Orlando Luz, o Orlandinho, tem apenas 16 anos e é o terceiro melhor do mundo na categoria juvenil. A provar que em sua carreira tudo é muito precoce, deu os primeiros saques com a raquete ainda aos três anos, enquanto acompanhava o pai, Orlando Pereira da Luz, ex-tenista e à época treinador da modalidade, em suas aulas nas quadras. Aos cinco, Orlandinho erguia a primeira taça ao vencer um torneio na cidade natal, Carazinho (RS).
Desde então passou a ser treinado pelo pai. Não demorou a despertar a atenção de outras pessoas do meio e, a partir dos 11 anos, a cada três meses ficava uma semana em Camboriú, no Centro de Treinamento de Larri Passos (o treinador de Guga). Orlandinho diz que era uma fase de adaptação.
Aos 13 anos se mudou para a cidade do Litoral catarinense, onde primeiro morou em um alojamento com outros atletas. Depois viveu 10 meses sozinho em um apartamento, até a chegada dos pais, que largaram tudo (a mãe, Adriana Moraes, trancou o curso de Pedagogia) para apostar no talento do filho. Trocaram o Rio Grande do Sul por Santa Cat
— O começo foi difícil porque sou muito apegado à família — relembra o jogador, filho único.
Hoje a família mora em Balneário Camboriú, onde o pai dá aulas de tênis. Fica perto do local de treinos, em Camboriú. Orlandinho cursa o terceiro ano do Ensino Médio a distância, diz que nunca foi reprovado e, depois de formado, não pensa tão cedo cursar uma faculdade, por exemplo.
Em sua jovem cabeça só há lugar para o esporte. Não por acaso, quem o segue de perto aponta como um de seus diferenciais a alta capacidade de concentração. Quase nada parece roubar o foco dele. Nem mesmo uma brincadeira entre colegas durante os treinos.
Em um dos treinos numa manhã ensolarada, Orlandinho e dois colegas, comandados pelo técnico Eder Torcato, repetiam arremessos à exaustão. Numa pausa rápida, observava atentamente o treino na quadra vizinha quando um dos parceiros comentou que o calçado incomodava-o e, numa indireta, brincou com ele dizendo que aceitava doações. Orlandinho manteve-se impassível.
Estrutura de atleta profissional
Ainda aos 12 anos, Orlandinho começou a viajar para o Exterior, levado pelas competições. Primeiro, disputou um torneio no Peru e, desde então, não parou mais, o que permitiu a ele conhecer praticamente todos os estados brasileiros e muitos países mundo afora. Deu-lhe também ideias das diferenças que separam o tênis nacional do que se pratica na Europa, considerado de ponta:
— Eles têm mais recursos e mais patrocínios. Têm a chance de jogar com atletas experientes e se tornam profissionais muito mais cedo.
Mas ao seu redor Orlandinho também já dispõe de uma estrutura considerável. Conta com patrocinadores, assessoria de imprensa e uma série de ferramentas de comunicação, como site, canal de vídeo no YouTube e perfis em redes sociais. Às vezes precisa sair em viagem para cumprir agenda com os apoiadores, e só usa os produtos que eles fornecem.
— Esperava que ele fosse longe, mas não tão rápido. Então viemos para cá porque ele não pode ficar preocupado com outra coisa, só com o esporte — conta o pai, Orlando Pereira da Luz.
Foco e disciplina nos treinos
Orlandinho treina de segunda a sexta-feira durante todo o dia e aos sábados pela manhã. Para ele e os demais atletas, há uma equipe de seis técnicos, coordenados por Larri Passos. São quatro horas na quadra, mais duas na academia. O tenista segue também uma alimentação balanceada, determinada por uma nutricionista.
Apesar da disciplina com que encara sua preparação, Orlandinho às vezes sente falta de levar uma vida mais normal, de poucos compromissos, como os outros adolescentes da mesma idade. Em momentos de folga, vai à praia ou ouve música, de preferência pop ou eletrônica. Sair à noite para festas? Jamais.
— É muita correria, então necessito do meu corpo. Se eu não treinar bem, não vou jogar bem — reconhece.
Djan Carlos Cunha, coordenador-técnico do Centro de Treinamento de Larri Passos, onde Orlandinho ainda treina, destaca o comprometimento do atleta com o esporte. Definindo-o como grande aposta e revelação do tênis brasileiro, afirma que o jogador demonstra, apesar da pouca idade, uma qualidade técnica avançada.
— Ele é muito dedicado. E também consegue captar com rapidez o que o treinador pede — explica.
Fã do sérvio Novak Djokovic, Orlandinho se espelha também em Guga. Mas falando em manter a humildade, descarta ser comparado ao maior ídolo do tênis brasileiro:
— Não posso me ver como o novo Guga. Igual a ele ninguém vai ser.
O PERFIL DE ORLANDINHO
l Nome Completo: Orlando Moraes da Luz.
l Idade: 16 anos (08/02/1998)
l Local de nascimento: Carazinho
l Altura: 1m81cm
l Site: www.orlandinho.com.br
PRÓXIMAS DISPUTAS
l Jogos Olímpicos da Juventude na China, de 16 a 28 de agosto
l US Open em Nova York (Grand Slam), de 25 de agosto a 8 de setembro
PRINCIPAIS CONQUISTAS EM 2014
Março
l Asunción Bowl – Paraguai
Campeão de simples
Campeão de duplas
l Banana Bowl – Brasil
Campeão de simples
Campeão de duplas
l Campeonato Internacional de Porto Alegre
Campeão de simples
Abril
l Copa Davis Juvenil (Sul-Americano)
Classificado em 2º lugar no torneio por equipes
Maio
l Roland Garros Juvenil (Grand Slam)
Semifinal de simples
semifinal de duplas
Julho
l Wimbledon Juvenil (Grand Slam)
Campeão de duplas
 Fonte: Zero Hora