UFSM passará a adotar o Sisu como forma de ingresso para os novos bixos

Sistema de Seleção Unificada usa as notas do Enem como forma classificatória

 sisu
Sete meses depois de ter sido consenso entre integrantes do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), a adoção do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) como forma de ingresso na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi a votação mais uma vez e, de novo, foi aprovada, na terça-feira. Uma das consequências diretas dessa decisão é o fim do vestibular aos moldes do que foi aplicado no começo deste mês. 
Pelos próximos dois anos, fica reservado o direito daqueles candidatos que já estão inscritos no processo seletivo Seriado. Sendo assim, o Sisu será adotado gradativamente pela UFSM. A partir de 2017, o ingresso de novos estudantes da universidade será possível somente por esse sistema, que usa as notas do Enem como forma classificatória. O tema poderá retornar ao Cepe se os conselheiros assim julgarem importante.
A ideia não pegou de surpresa representantes de entidades locais, situação bem diferente da registrada em maio. Já entre os estudantes, a maior preocupação tem sido com as constantes fraudes registradas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja nota é classificatória para o Sisu. Na semana passada, a Polícia Federal confirmou o vazamento do tema da redação do exame, aplicado em novembro.
Durante a reunião do Cepe, foram apresentadas duas propostas. Ambos os projetos sugeriram a reserva de 80% do total de vagas para o Sisu. Porém, uma delas propôs que 20% das vagas sejam reservadas para o processo seletivo Seriado 2 e 3, sendo extinguido em 2016. Já a outra ideia era que, ao término de 2016, fosse novamente debatido o Seriado. Uma terceira sugestão, que não chegou a ter adesão para ser votada, foi apresentada: 50% de vagas pelo Sisu e 50% pelo Seriado. 
Coperves seguirá existindo
O reitor Paulo Burmann enfatizou que o tema foi longo e exaustivo, mas avaliou ter sido de grande valia para a universidade. Outra consequência desta decisão será a reestruturação da Comissão Permanente do Vestibular (Coperves), conforme afirmou o reitor, durante a sessão do Cepe:
– A Coperves continuará aplicando o processo seletivo Seriado pelos próximos dois anos, além de trabalhar na logística de outros concursos de dentro e de fora da UFSM, mas o seu trabalho terá de ser reavaliado. 
Burmann também ressaltou que será levadao ao Inep a intenção da Coperves seguir na coordenação de aplicação das provas do Enem pela UFSM.
Ainda cabe recurso
Na sexta-feira, o juiz Loraci Flores de Lima emitiu sentença confirmando que a decisão do Cepe, em maio, foi precipitada em função do curto espaço de tempo para a inscrição de alunos ao Enem. Em junho, entidades educacionais e empresariais entraram com ação contra o que foi decidido pelo conselho.  Cabe recurso e, após a intimação, a UFSM tem 30 dias para apelar contra a sentença. Até a tarde de terça-feira, a reitoria não havia sido notificada sobre a decisão.
O QUE DIZEM
“O DCE UFSM comemora a tomada de decisão do Cepe por entender que estes processos fazem parte de democratização do Ensino Superior público e gratuito.”
Representantes do DCE
“A universidade tem autonomia para tomar essa decisão, desde que tome com o tempo necessário. O que eu gostaria como cidadão é que o Seriado fosse mantido indefinidamente, porque é ele que dá um envolvimento da universidade com a comunidade. Além disso, adotar 80% ou 100% o Sisu, o repasse de verbas do governo federal é o mesmo. Então, não haveria necessidade de extinguir o Seriado.”
Luiz Fernando Pacheco, presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism)
“Não concordamos com essa decisão da UFSM, mas da forma como foi feito agora, dando mais tempo para os estudantes se inscreverem no Enem, é bom. Encerra-se um ciclo histórico de Santa Maria que é o vestibular. Mas temos, por outro lado, as universidades particulares, cada vez mais em ascensão na cidade. O fim do vestibular não abala o comércio significativamente.”
Jacques Eskenazi Neto, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Maria
“Vamos ajustar nosso calendário das turmas semestrais e anuais. Já havíamos feito algumas reformulações nos conteúdos, apesar de eles não mudarem muito entre si. É uma mudança já anunciada, por isso, já tínhamos começado esse processo de atualização. Mas o curso não vai ficar refém do Enem. A UFSM acerta na medida que toma essa decisão antes do processo começar, porque agora temos tempo hábil de fazer essas adequações.”
Marcos Falkembach, diretor do Riachuelo Pré-Vestibular
“Já discutimos internamente e decidimos seguir pelo vestibular tradicional, embora, com a Medicina, a demanda tenha sido bem alta, tomamos todas as providências para que não acontecesse nenhum problema organizacional. Isso já nos dá segurança no processo que temos e, por isso, não pensamos em adotar o Sisu neste momento. Respeitamos a decisão da UFSM e entendemos que isso poderá gerar uma maior demanda para a Unifra, mas estamos preparados para receber esses alunos.”
Vanilde Bisognin, pró-reitoria do Centro Universitário Granciscano (Unifra)

“O mais importante foi a realização do vestibular e do Seriado 1, 2 e 3 em 2014. Nossa alegação era pela suspensão do vestibular nas condições que se deu, criando problemas para as escolas e para os estudantes. Parece-me que cumprimos a nossa função. Mas ainda não fomos intimados sobre a decisão da Justiça Federal.”
João Marcos Adede y Castro, advogado, representante das entidades locais que ingressaram com ação contra a decisão do Cepe

Fonte: DIÁRIO DE SANTA MARIA