Um esforço que vale uma história de vida

Ciro Anhaia Dias, corpo franzino, 59 anos, se agiganta ao puxar a carroça com lixo reciclável pesando até 120 quilos, mais que o dobro do seu peso atual- 58 quilos.
Ex-pedreiro da extinta Sulbrás, desde que ficou sem emprego há 13 anos, Ciro não ficou parado e iniciou a catar sucatas.
Com muita tranquilidade diz que sua rotina mudou muito, porque todo o dia acorda às 6 h e vem do bairro Saint Pastous até o centro para ganhar a vida.
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“Faço de duas a três viagens de casa ao centro e vice-versa, para descarregar tudo que consigo juntar em farmácias, lojas, lanchonetes para depositar lá em casa”, conta.  Só nestas idas e vindas, o catador faz 36 km por dia, fora o que pedala aqui pelo centro da cidade atrás de papelão, plástico, garrafas pet e lata. Em média, de segunda à sábado, são 60 km por dia, numa antiga bicicleta, com quadro reforçado, para aguentar o peso que vem logo atrás de suas costas.
A carrocinha é bem conhecida na cidade pelos CDS e adereços que a iluminam à noite quando volta para o  bairro. Às vezes, até por volta da uma da madrugada.
No dia da reportagem, a sua bike havia estragado enquanto ele se deslocava para o centro. Sem reclamar seguiu a rotina empurrando toda a carga à mão.
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O esforço e a persistência do experiente catador já rendeu a sua casa própria. E diz rindo que com o dinheiro que ganha juntando sucata, abriu conta no banco, e se acertar na loteria vai realizar um sonho: comprar uma fazenda.
Ciro é solteiro e quando não está na dureza da lida diz que gosta de um bom baile gaúcho. “Sempre que posso vou arrastar as botas no salão do Capão do Angico.
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E quanto a namorada,  ele sorri de canto: “Tava quase casando e ela me traiu, dai chutei a gaiola. Melhor ficar solteiro, trabalhar e dançar nas poucas folgas que tenho”, pondera Anhaia.

Por :Vera Soares Pedroso