UTI NEO completa 10 anos e comemora a data com doações e muitas conquistas

No dia 1° de junho a UTI Neonatal de Alegrete completou 10 anos. Na manhã de quarta-feira(26), a reportagem conversou com a Chefe da Neo, médica Marilene Campagnolo. Ela falou de todos os desafios enfrentados, das conquistas, doações, auxílio da comunidade e da Santa Casa de Alegrete.

Para comemorar esta data, o presente não poderia ter sido melhor. Foram doados dois berços  equipados que serão utilizados nas salas de parto. O melhor é a alta tecnologia que se compara as Neos de Porto Alegre e Santa Maria, explicou a médica pediatra. Um dos berços foi da Estância Silêncio, através do casal, Edmundo Cavalcante Eichenberg e Luiza Maria Eichenberg, já o outro foi através do Programa de Valores S do Sicredi.

A médica explica que anteriormente os bebês eram atendidos em berços comuns e tinham que ser rapidamente transferidos em razão dos equipamentos. Com os berços para atendimento intensivo tudo fica mais fácil e a tecnologia é uma grande aliada para salvar vidas. Ela ainda acrescenta que essas mesmas unidades são utilizadas em grandes centros como Porto Alegre e Santa Maria. “Com esses berços o atendimento será muito mais adequado para os bebês. Tudo é sempre buscando o melhor e assim diminuir a morbidade e a mortalidade dos prematuros. No ano passado a taxa foi baixíssima foram quatro casos”- completou.

Dra Marilene acrescenta que os leitos da Neo estão sempre lotados, são oitos do SUS e dois convênios. Um dado que é bem relevante são os números de prematuros de Alegrete que correspondem cerca de 60% da lotação sempre. Neste caso, a médica pediatra, lembrou que o pré-natal é indispensável para evitar muitos problemas no momento do parto. O índice no município já evolui consideravelmente, mas ainda há muitos casos de gestantes que não realizam o acompanhamento. Maternidade consciente, esse é um dado que precisa ser levado mais a sério pelas gestantes, embora haja inúmeras campanhas.

Durante a entrevista, foi inevitável fazer um balanço e lembrar do sufoco que foi no ano de 2016 em que a Neo ficou na iminência de fechar em razão de atraso em repasses. Toda a mobilização e ações realizados por todos, à época, foi fundamental para que a UTI Neonatal pudesse manter o atendimento. “Até hoje, há momentos em que estamos com algum repasse atrasado, mas por outro lado existe uma consciência muito importante de pessoas que estão sempre nos auxiliando, assim como, a Santa Casa. Independente dos problemas enfrentados, a direção sempre tem um olhar voltado  à Neo e estamos amparados. ” citou.

A Médica pediatra salienta que a Neo chega aos 10 anos e todos estão muito felizes por cada prematuro que passou ou que está ali, pois sabe que os esforços são grandiosos para que ele possa dar alta o mais rápido possível. Ela lembrou que, às vezes, as pessoas acham que no interior é mais complexo para que as coisas aconteçam, mas o que se deve fazer é sempre estar buscando, correndo atrás. Pois assim é com os profissionais que atuam na Neo, a equipe médica está sempre se aperfeiçoando e a equipe de enfermeiros e técnicos foi totalmente qualificada para este tipo de atendimento, voltado aos bebês. A pediatra falou que há casos de prematuros com 600g.

“Nossa Neo, hoje é uma referência, são bebês de zero a 28 dias de todo o Rio Grande do Sul. Somos reconhecidos em Porto Alegre e Santa Maria, não deixamos a desejar em nada. É incrível ouvir as mães falarem que quando ficam sabendo da vaga aqui, isso as tranquiliza. Para nós é um estímulo e isso nos faz trabalhar ainda mais, pois sabemos que tudo está sendo bem feito”- comentou.

Outro dado que foi destacado é quanto ao acolhimento dos pais. Além do bebê, eles precisam de assistência e isso acontece através de psicóloga e assistência social da Santa Casa. A médica completou, ressaltando que quando a mãe está bem, ela é um dos incentivos para o bebê e o período de internação pode ser inferior ao inicial, devido a esse contato.

Para finalizar, a pediatra e chefe da Neo, agradeceu a todas às famílias que colaboram com a UTI, além das empresas, entidades e grupos que estão buscando diariamente de forma incansável algum auxílio. Não foram citados nomes pois são muitos e isso não acontece somente aqui no município. Famílias que estiveram com prematuros na Neo, já realizaram campanhas em suas cidades de origem para contribuir com a UTI.  Marilene também citou o caso de pessoas que nunca estiveram com bebês na Neo, mas são solidários e se sensibilizam com a causa. A médica completa falando que a ajuda não é apenas para uma ou outra família é para a comunidade.

“A cada grama adquirida por dia é uma comemoração da equipe, há dias em que uma mãe chega e a notícia não é a que ela gostaria de ouvir, o bebê pode ter alguma alteração e o quadro ter piorado, mas a fé, a esperança jamais deixa de existir. E quando aquele prematuro, passa meses aqui e no final está com alta, não tem como não emocionar a equipe, àqueles que conviveram diariamente a conquista de cada grama. É uma festa, porque é uma grande vitória. Chegar aqui com um risco grande e dar alta é muito gratificante” – concluiu.

Flaviane Antolini Favero