Zeca Alves – capataz de estância e poeta

Zeca Alves é um taura que anda pelos campos e enquanto campereia brotam de sua alma versos e poesias.

Ele é natural de Sant’Ana do Livramento, mas escolheu  Alegrete para viver e trabalhar como capataz de estância. -Desde a infância sempre um tanto introspectivo, busco na minha lembrança a necessidade de escrever aquilo que sinto e penso desde os doze, treze anos de idade”.


Sempre atento e envolvido com as atividades rurais, (lida de campo, doma, etc…) e comprometido com a preservação e valorização do homem rural, da gente de campo, Zeca fez destas criações um diferencial em sua vida

Diz que encontrou na escrita uma maneira despretensiosa de externar com palavras o que acredita ser o caminho, sem a mínima intensão de se tornar compositor. Até que pelas voltas do destino, seu irmão e maior incentivador, Leonardo Gadea, tomasse a iniciativa e apresentasse sua escrita ao Érlon Péricles, compositor esse que sempre admirou, quando ainda era apenas um ouvinte dos festivais de música do nosso estado, “grande responsável pela abertura das porteiras do cenário musical nativista aos meus versos”.
E o capataz compositor  fala da necessidade de desabafo através da escrita o que  tornou-se um compromisso firmado com suas raízes e os ideais da sua gente.

Ele acredita que a música deva cumprir função social, do contrário nada mais promoveria além de comércio, seria como assistir uma palestra em que o palestrante não tivesse nada a dizer nem acrescentar na vida das pessoas, pondera.

E das letras no papel vieram os festivais, daí se tornou vencedor de vários deles: Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, Gauderiada da Canção de Rosário do Sul, entre outros. Mas a preocupação seguia; muito mais que troféus na estante, que status e destaque no meio.

– Sempre me atenho em registrar meu tempo, minha terra, minha gente e não deixar que o lugar de onde venho seja esquecido, devo a ele o que sou. Cada verso é um anseio de mostrar aos meus filhos o que trago no coração e reflito em silêncio, olhando a vida de longe. Cada verso é uma maneira de externar o carinho e consideração que tenho e não sei demonstrar, senão através da escrita, seja pela minha companheira de caminhada, mãe dos meus filhos, seja pelos amigos, ou pelos companheiros de serviço.

-Não quero nem busco aplausos, apenas procuro através do verso um mundo melhor e mais justo para viver.

Zeca Alves (Santanense de nascimento e Alegretense de coração)